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Um Rio Ave europeu

8 Fevereiro 2017
Um Rio Ave europeu
Opinião
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Passo a passo. É assim que o clube tem caminhado. Exemplar em Portugal. É um clube que tem crescido a olhos vistos, sem tirar os pés do chão. Sem cometer grandes loucuras constrói anualmente um plantel competente e de boa qualidade.
São nove épocas consecutivas no primeiro escalão do futebol português, algo inédito na história do clube. Nas últimas três temporadas, conseguiu apurar-se por duas vezes para a Liga Europa, marcar presença, por três vezes, nas meias finais da Taça de Portugal (tendo numa dessas vezes chegado à final) e ser finalista vencido por uma vez na Taça da Liga.
O que torna o clube de Vila do Conde um caso de sucesso nos últimos anos?
Em primeiro lugar, é preciso elogiar a presidência de António Silva Campos. A chegada do homem forte do Rio Ave F. C. coincide com o regresso da equipa à primeira liga (época 2008/2009). Ao longo dos seus nove anos de presidência, apenas contratou cinco treinadores contrariando a estratégia que os clubes portugueses têm adotado ao contratar sistematicamente treinadores novos para o seu clube. Apenas por uma vez despediu um treinador (Nuno Capucho, recentemente, contratando Luís Castro), proporcionando, assim, um clima de estabilidade no clube. Por outro lado, também tem conseguido fazer uma gestão financeira exemplar, tendo apresentado todos os anos um saldo positivo.
Também é importante salientar a preocupação que o clube tem tido em manter a base de jogadores de ano para ano. Se é verdade que todas as épocas o clube tem perdido jogadores nucleares, também é verdade que faz um esforço para que não saiam mais que um ou dois jogadores importantes por época, permitindo, assim, que o trabalho realizado durante a época transata possa ter continuidade no ano seguinte, com pequenos reajustes.
É um clube com uma boa gestão desportiva: compra jogadores bons, jovens e baratos e assegura o empréstimo de bons jogadores. Esta última época, por exemplo, não gastou qualquer quantia ao contratar jogadores como Rúben Ribeiro ou a assegurar o empréstimo de Héldon, Gil Dias e Rafa Soares. A média de idade dos jogadores que entraram este ano no clube foi de 21,2 anos, o que demonstra bem a vontade que o clube tem em formar para mais tarde vender.
Ao longo dos últimos anos, o clube tem apostado na restruturação do estádio e das infraestruturas, proporcionando, assim, melhores condições de trabalho, tanto para o departamento sénior como para o juvenil.
Quais devem ser as metas do clube para os próximos anos para que se torne definitivamente num Rio Ave europeu?
O clube deve continuar com o bom trabalho que tem vindo a desenvolver, tentando obter sempre uma classificação final entre os 6 primeiros classificados, manter a aposta assertiva na contratação dos jogadores e tentar vender pouco e bem. É importante que o clube comece a valorizar melhor os seus ativos no momento de venda, para que se torne num clube financeiramente mais forte, podendo, assim, competir com clubes da grandeza do Sporting de Braga. Relembramos que, por exemplo, no ano de 2015, o clube viu partir três “jóias da coroa” por um valor total simbólico de 1,5 Milhões (Ederson, Marvin Zeegelaar e Ahmed Hassan).
Por fim, o clube deve também tentar aproximar-se mais dos seus adeptos, de forma a ter um maior número de sócios e consequentemente um maior apoio nas bancadas.

Daniel Silva