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Site-Norte acusa ministro de ser o responsável pelo fecho da refinaria da Galp em Matosinhos

22 Dezembro 2020
Site-Norte acusa ministro de ser o responsável pelo fecho da refinaria da Galp em Matosinhos
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O Site-Norte acusou esta terça feira o Ministro do Ambiente de ser um dos responsáveis pelo encerramento da refinaria da Galp em Matosinhos, impondo “uma rotura” para demonstrar a Bruxelas avanços na transição energética.
“Eles invocam a pandemia como pretexto, mas o que há aqui é uma estratégia concertada de corrida aos fundos monetários por parte da administração da empresa e de assim, em parceria com o Governo, demonstrar à União Europeia o que está a fazer no que à transição energética diz respeito. A refinaria do Porto sucumbe em troca de outra coisa qualquer”, afirmou o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energias e Atividades do Ambiente (Site-Norte), adiantando que vão ser postas em prática formas de luta.
Conforme vincou Telmo Silva, o Ministro do Ambiente, “Matos Fernandes, tem grandes responsabilidades nestas decisões”, tendo em conta que estão a ser tomadas opções com “pouca ponderação”.
O sindicato viu ainda com surpresa as declarações do titular da pasta do Ambiente, na segunda feira, quando afirmou estar preocupado com o destino dos trabalhadores, uma vez que a estrutura solicitou várias reuniões com o executivo, mas nunca teve resposta.
“O Senhor Ministro garantiu que em cinco anos não ia fechar nenhuma refinaria, mas ao fim de quatro ou cinco meses surge esta decisão. Para nós é evidente, há negociações claras com partes governamentais e a empresa desde há muito tempo”, referiu Telmo Silva.
Este responsável disse, ainda, que hoje tomou conhecimento da possibilidade de construção de uma refinaria de lítio no local da antiga refinaria de Matosinhos, o que considerou ser um “ataque aos trabalhadores da Petrogal, que têm vínculos laborais e direitos adquiridos”, notando que “ainda não são conhecidos os impactos ambientais” deste elemento químico.
O sindicalista lamentou “as medidas agressivas” tomadas para alcançar a transição energética, que defendeu ser afinal uma “rotura”, tendo em conta que não está a ser “ponderada, lenta e sustentável”.
Apesar de admitir que a refinaria, à semelhança dos restantes setores de atividade, foi impactada pela pandemia de Covid-19, o sindicato disse que o encerramento da infraetrutura não é justificável, acrescentando que o aprovisionamento e a distribuição podem deixar de estar assegurados com o retomar da atividade, nomeadamente da aviação.
Perante este cenário, as estruturas representativas dos trabalhadores vão pedir reuniões de emergência à Galp, empresa liderada por Carlos Gomes da Silva, e ao Ministério do Trabalho.
Adicionalmente, a partir de janeiro, vão avançar com mais iniciativas para dar visibilidade ao caso, nomeadamente, a realização de manifestações.
Com o encerramento da refinaria da Galp, em Matosinhos, estão em causa 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos.
A Galp vai concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos a partir do próximo ano, anunciou a empresa na segunda feira.
Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Galp referiu que “continuará a abastecer o mercado regional mantendo a operação das principais instalações de importação, armazenamento e expedição de produtos existentes em Matosinhos”, e que está a “desenvolver soluções adequadas para a necessária redução da força laboral e a avaliar alternativas de utilização para o complexo”.
A empresa disse que as “alterações estruturais dos padrões de consumo de produtos petrolíferos motivados pelo contexto regulatório e pelo contexto Covid-19 originaram um impacto significativo nas atividades industriais de ‘downstreaming’ da Galp”, e afirma que “o aprovisionamento e a distribuição de combustíveis no país não serão impactados por esta decisão”.
O Estado português é acionista da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.