A Câmara Municipal de Vila do Conde descartou hoje que o foco de Legionella que está a afetar o concelho esteja relacionado com a água de consumo doméstico, distribuída na rede pública.
“A empresa que abastece a água a Vila do Conde fez análises ainda no mês de outubro e descartou essa hipótese. Ainda assim, pedimos para que se fizesse novas análises à rede, logo a 2 de novembro, cujos resultados teremos nos próximos dias”, disse a autarca Elisa Ferraz.
A presidente da Câmara de Vila do Conde confirmou que o foco de infeção ainda não foi descoberto, mas garantiu que a autarquia “está na linha da frente para o detetar”, embora reconhecendo que é um “processo difícil e complexo”.
“Não posso estar a apontar um eventual foco do surto porque, na verdade, ainda não temos conhecimento. As autoridades de saúde estão, avidamente, a procurar a causa, e a Câmara já se prestou a apoiar em todas ações”, disse Elisa Ferraz.
Para essas operações, a presidente da Câmara de Vila do Conde considerou que era importante um reforço dos elementos que integraram a Delegação de Saúde local, lembrando que “são apenas cinco técnicos que têm de lidar com as questões da pandemia e ainda com esta situação da Legionnella”.
“Não tenho nenhuma crítica em relação ao trabalho da Delegação de Saúde de Vila do conde, pelo contrário. Num concelho com 80 mil habitantes, temos uma equipa com 5 pessoas para lidar com tudo. Deviam ser colocados mais técnicos para ajudar nesta situação”, alertou Elisa Ferraz.
Questionada se esteve em cima da mesa o desativar de torres de refrigeração de empresas no concelho, como medida preventiva, a presidente da Câmara, disse que não, lembrando que “não se sabe se o problema está em Vila do Conde ou em outros concelhos”.
“Não se pode desativar as chaminés das fábricas sem saber onde é o problema. São várias empresas nestes concelhos que geram muitos empregos, só estaríamos a duplicar o problema. Há que fazer as coisas com ponderação”, referiu Elisa Ferraz.
Elisa Ferraz vincou que, com sete mortes registadas devido a este surto de Legionella que afetou Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Matosinhos, “todo o tempo que se demorar a encontrar as causas será exagerado”, não estranhando a intervenção do Ministério Público, que abriu, quarta feira, um inquérito.
“Sempre que existe um problema grave como este é normal a intervenção do Ministério Público. Haverá certamente um crime ambiental, que é preciso, primeiro, identificar, para, depois, se tomar medidas”, concluiu a presidente da Câmara de Vila do Conde.
O surto de Legionella que está a afetar os concelhos de Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Matosinhos, no distrito do Porto, registou hoje mais cinco novos casos, elevando para 72 o número de pessoas que contraiu a doença.
Estes novos casos foram todos recebidos no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, que, segundo fonte da unidade, desde 30 de outubro já prestou cuidados a 41 doentes diagnosticados com Legionella, registou cinco óbitos, e tem, de momento, internadas 17 pessoas.
Já no Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde, os números não tiveram alteração em relação a quarta feira, com 25 pessoas diagnosticadas e 16 ainda internadas, mantendo os dois óbitos desde o início do mês.
No Hospital de São João, no Porto, também continuam internadas seis pessoas devido a esta doença, sendo que três estão em enfermaria, uma em cuidados intermédios e duas nos cuidados intensivos.
Assim, no total, desde o início do surto, que continua com origem desconhecida, já morreram sete pessoas das 72 que foram diagnosticadas com a doença, sendo que 39 continuam internadas.
Na quarta feira, o Ministério Público anunciou a abertura de um inquérito para investigar as causas do surto.