O advogado Nuno Cerejeira Namora disse que a detenção do presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes, está relacionada com os contratos celebrados entre o município e a agência de comunicação de Manuela Couto, também detida.
O advogado disse que, até ao momento, essa é a única informação que tem sobre o processo, uma vez que ainda não teve oportunidade de consultar os autos.
O presidente da Câmara de Barcelos foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) no âmbito de um processo em que estarão em causa os crimes de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio.
Na mesma operação, foram ainda detidos o presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, o presidente do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, Laranja Pontes, e a empresária Manuela Couto, mulher de Joaquim Couto.
Em comunicado, a Diretoria do Norte da PJ explica que em causa está “a prática reiterada de viciação de procedimentos de contratação pública com vista a favorecer pessoas singulares e coletivas, proporcionando vantagens patrimoniais”.
“A investigação, centrada nas autarquias de Santo Tirso, Barcelos e Instituto Português de Oncologia do Porto, apurou a existência de um esquema generalizado, mediante a atuação concertada de autarcas e organismos públicos, de viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto com o objetivo de favorecer primacialmente grupos de empresas, contratação de recursos humanos e utilização de meios públicos com vista à satisfação de interesses de natureza particular”, afirma a Polícia Judiciária.
Pedro Marinho Falcão, também advogado de Miguel Costa Gomes, classificou de “absolutamente inadmissível e inaceitável” a detenção do presidente da Câmara de Barcelos e acusou o Ministério Público de promover uma “investigação espetáculo”.
“Este circo mediático de colocar um presidente de câmara sob medida de detenção inibitória da liberdade é absolutamente inadmissível e inaceitável e é o produto da forma como o Ministério Público conduz a investigação em Portugal”, referiu Pedro Marinho Falcão.
Para o advogado, o Ministério Público “pretende uma investigação espetáculo e não uma investigação para a descoberta da verdade, com a tranquilidade e a serenidade necessárias para que pessoas possam ser julgadas nos tribunais e não na praça pública”.