O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) estima que a adesão à greve nacional esteja entre os 60% e os 70% na manhã do primeiro dia, admitindo que o acordo entre o Ministério da Saúde e alguns sindicatos tenha prejudicado a iniciativa.
“Podemos afirmar que, a esta hora [11:30], os dados recolhidos até ao momento, e ainda falta uma grande mancha de hospitais, na área hospitalar a adesão cifra-se entre os 60% e os 70%, sendo certo que há muitas instituições acima desses valores”, afirmou o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), em declarações aos jornalistas, à porta do Hospital de São José, em Lisboa.
Segundo José Carlos Martins, há hospitais com níveis de adesão mais elevados, como em Abrantes (91%), Hospital Egas Moniz, em Lisboa (73%) ou Hospital da Póvoa de Varzim (79%) que, a par de outros com níveis mais baixos, como o Hospital de São João, no Porto (56%), faz com que a estimativa aponte para níveis de adesão entre os 60% e os 70%.
Na opinião do sindicalista, isso “traduz a manutenção da insatisfação porque o SEP [Sindicato dos Enfermeiros Portugueses] não fez acordo e mantém a greve que está em curso”.
“Apesar de haver alguns enfermeiros com algumas dúvidas decorrentes daquilo que foi a manobra de diversão montada ontem [segunda-feira] à noite pelo Ministério da Saúde e alguns sindicatos de enfermagem”, criticou José Carlos Martins.
Admitiu, por isso, que hoje tenha havido alguns enfermeiros que não tenham aderido à greve por “estarem baralhados”, na sequência “dessa confusão”.
“É expectável que amanhã [quarta-feira] até haja mais colegas a fazer greve”, apontou o presidente Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
Relativamente ao acordo alcançado entre a tutela e alguns sindicatos de enfermeiros, José Carlos Martins acusou o Ministério da Saúde de fazer uma coisa “vergonhosa”.
“O Ministério da Saúde deve um monte de dinheiro aos enfermeiros, relativamente aos retroativos entre 2018 e 2022 e com esse dinheiro não pago, está agora a fazer uma pseudo-valorização da grelha salarial”, criticou o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
O sindicalista lembrou que há muitos outros aspetos pelos quais estão em luta, além da grelha salarial, nomeadamente a compensação do risco, o trabalho por turnos ou a transição dos enfermeiros especialistas.
De acordo com José Caros Martins, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) aguarda para que seja agendada uma reunião com o Ministério da Saúde.
Indicou que desconhece os termos concretos do acordo assinado com os outros cinco sindicatos, mas afirmou que o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) está disponível para analisar e apresentar a devida contraproposta.
“É nesse quadro que nós estamos a exigir soluções justas, sensatas, possíveis e fazíveis ao Ministério da Saúde”, defendeu, destacando como “medida central” a retenção de jovens na profissão.
No Hospital de São José, o ambiente na sala de espera das consultas externas, por volta das 12:00, era calmo e todas as pessoas tinham sido atendidas e sem consulta adiada.
Ambiente idêntico foi constatado no Hospital de Santa Maria, onde foi encontrada apenas uma pessoa a quem tinha sido adiada a cirurgia de recolocação de um cateter.
Fonte do Hospital de Santa Maria disse que este tipo de greve tem maior impacto na atividade programada, com diferentes graus de impacto consoante estão em causa consultas, cirurgias ou atos de enfermagem, salientando que se regista um “forte impacto” na atividade cirúrgica, apesar de ainda não haver dados concretos.