Um grupo de quatro motociclistas portugueses vai aventurar-se, entre abril e maio, numa viagem até à Índia, no âmbito do projeto Rota de Gama, que assinala os 500 anos da morte do navegador Vasco da Gama.
O projeto, que resulta da vontade de um dos elementos do grupo em realizar “viagens de aventura inspiradas em navegadores portugueses”, reúne este ano quatro amigos motociclistas das cidades do Porto e Vila do Conde, no distrito do Porto, e São João da Madeira (Aveiro).
“Desta vez, vamos aventurar-nos por terras da Índia para visitar as cinco cidades que têm uma forte influência portuguesa, muito devido à descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama”, relatou Miguel Rodrigues, o porta-voz do grupo.
A partida simbólica da Rota de Gama 2024 realiza-se, este sábado, em Sines, no distrito de Setúbal, às 12:30, com um programa que inclui a exposição das motas, no castelo da cidade, e uma visita guiada ao museu dedicado a Vasco da Gama, onde os motociclistas irão responder a algumas perguntas do público sobre a viagem.
Esta é a última aventura “dedicada aos grandes feitos dos navegadores” portugueses que o grupo pretende efetuar, indicou o mentor da expedição.
Este “ciclo de comemorações”, recordou, foi iniciado em 2020, com uma viagem que uniu Punta Arenas (Chile) a Puerto de San Julian (Argentina), pelo 5.º centenário da circum-navegação de Fernão de Magalhães.
Seguiu-se, em 2022, uma visita às comunidades portuguesas em Sydney, Perth e Melbourne em memória de Cristóvão de Mendonça, “o primeiro “descobridor da Austrália”, tendo sido percorridos um total de 18 mil quilómetros.
Além de Miguel Rodrigues, nesta viagem, que arranca oficialmente a 21 de abril, na Índia, participam também os “exploradores” Hélio Santos, Luís Toscano e Pedro Costa, estes dois últimos “sem experiência neste tipo de viagens”, mas entusiasmados com a aventura de cerca de 30 dias.
Miguel Rodrigues explicou que o programa inicial, que previa a partida de Sines em direção à cidade de Cochim, na Índia, onde o navegador Vasco da Gama faleceu (1524), sofreu “alterações geográficas” devido ao atual conflito entre Israel e a Palestina.
“Esta guerra agudizou o sentimento antiocidental no Irão e o reatar de um conflito entre o Irão e o Paquistão, principalmente, na zona fronteiriça de Balochistan [Paquistão]. A nossa viagem implicaria escolta policial nessa zona, que tem sido alvo de ataques provocados por grupos extremistas ou pelo Irão”, precisou Miguel Rodrigues.
Por esse motivo, o grupo explicou que repensou o projeto e optou por voar diretamente para Nova Deli, onde estarão à sua espera as quatro motas ‘batizadas’ com o nome das naus primitivas da viagem de Vasco da Gama: São Gabriel, São Rafael, Bérrio e São Miguel.
“A partir daí, vamos fazer quase todo o perímetro da Índia visitando as cinco cidades de Gama, Diu, Damão, Goa, Calecute e Cochim”, argumentou o explorador, acrescentando que a aventura termina em Chenai, em 18 de maio, “num total de 10 mil quilómetros”.
Durante a expedição, que conta com um orçamento de 40 mil euros, a maioria suportado pelos elementos do grupo, não faltarão alguns desafios, entre eles o trânsito, “que é caótico”, a alimentação, “que é muito diferente”, e o clima, “com o calor e a humidade” a serem os principais desafios, indicou Miguel Rodrigues.
Na bagagem, “pouco peso”, os indispensáveis “primeiros socorros e medicação” e “roupa para meia dúzia de dias”, frisou Miguel Rodrigues.