A Câmara Municipal de Vila do Conde quer incentivar os jovens a apreenderem a arte da construção naval em madeira, considerando que esta secular atividade no concelho continua a ser economicamente viável.
“A maior parte da frota pesqueira portuguesa ainda é de madeira e necessita de manutenção, conservação e substituição. Esta é uma indústria de futuro e Vila do Conde tem uma tradição e um legado nesta arte que precisa de ser mantida e transmitida para os mais jovens”, disse Vítor Costa, Presidente da autarquia vila-condense
O autarca partilhou esta convicção na apresentação pública do novo Centro de Artes Náuticas de Vila do Conde (CDAN), um projeto de intervenção cultural e dinamização socioeconómica, com a missão de estudar, investigar e divulgar as temáticas associadas às técnicas de construção e reparação naval de madeira de Vila do Conde.
“Além de preservar esta memória, estamos a projetá-la para o futuro, contribuindo não só para a preservação cultural e identitária desta arte, mas também para a educação e formação dos futuros profissionais da construção naval. Estamos a criar condições para que os jovens possam enveredar por esta atividade”, completou Vítor Costa.
O Centro de Artes Náuticas de Vila do Conde (CDAN) de Vila do Conde contempla três polos, com uma área oficinal e centro formativo de construção naval de madeira, no centro da cidade, que já foi inaugurado, a réplica da Nau Quinhentista que está fundeada na Zona Ribeirinha, e a Alfândega Régia de Vila do Conde, que já serve como núcleo museológico e pedagógico.
É nestes três espaços que a divulgação e formação desta atividade irão desenvolver-se, em pareceria com profissionais das empresas de estaleiros navais que continuam a operar na cidade, fazendo com que arte possa perdurar e até ser potenciada com uma vertente turística.
“O museu da Alfândega Régia recebe, atualmente, cerca de 40.000 visitantes por ano, e esperamos que rapidamente atinja a centena de milhar. A construção naval pode também ter essa vertente turística que ajude a promover e a atrair mais gente para o concelho”, completou Vítor Costa.
A iniciativa conta ainda com uma vertente tecnológica, pois irá recolher e digitalizar documentos, manuais e outros livros que transmitam informações sobre esta arte, mas também irá guardar e arquivar ferramentas e utensílios usados por antigos artesões na construção naval em Vila do Conde.
O projeto impulsionado e gerido pela autarquia vila-condense recebeu um financiamento de 450 mil euros, através do EEA Grants, fundo atribuído pelos estados da Islândia, do Liechtenstein e da Noruega, com o intuito de cooperação económica, social e cultural com países da União Europeia, nomeadamente com Portugal.
A Noruega foi o país que mais contribuiu para este projeto em particular, promovendo uma troca de experiências e conhecimentos sobre a construção naval em madeira, através de um intercâmbio de artesões dos dois países.
A autarquia de Vila do Conde pretende que este projeto, tanto na preservação, com na divulgação e formação, continue a crescer e não descarta aproveitar outras oportunidades de financiamento comunitário e nacional.