A Aliança Democrática (AD) venceu à tangente as eleições antecipadas de domingo, que tiveram como grandes vencedores o Chega e o Livre e o PS como principal derrotado.
O partido Chega ultrapassou as previsões mais otimistas, conquistando mais de um milhão de votos e 18,06%, quadruplicando o seu grupo parlamentar, que passa de 12 para 48 dos 230 deputados da Assembleia da República.
À esquerda, o Livre foi outro dos vencedores da noite eleitoral, passando de um para quatro deputados, com 3,2% e quase 200 mil votos.
A AD, que junta o PSD, CDS-PP e PPM, não foi além de uma vitória tangencial, com 29,5% e 79 deputados, mais dois do que o PS, mesmo quando ainda faltam atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração.
Apesar da vitória, a coligação liderada por Luís Montenegro teve um dos piores resultados da história das coligações do PSD com o CDS. Pior só na eleição anterior, em que o PSD era liderado por Rui Rio e obteve 29,1% e 77 deputados e o CDS de Francisco Rodrigues dos Santos não foi além de 1,6%, ficando sem representação parlamentar.
O PS foi o grande derrotado da noite, não só porque perdeu as eleições e a maioria absoluta de 2022, como registou um dos piores resultados da sua história. Só em 1987 e 1991, com as maiorias absolutas de Cavaco Silva, e em 2011, quando o PS de José Sócrates já preparava a entrada da ‘troika’ para garantir a ajuda externa obrigatória para superar a crise financeira, os socialistas tiveram resultados inferiores.
Os líderes estreantes tiveram resultados fracos. Luís Montenegro (AD) ganhou, mas sem folga. Pedro Nuno Santos, do PS, perdeu. Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, e Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, repetiram os resultados de 2022, com oito e cinco mandatos, respetivamente. E Paulo Raimundo, que liderou a coligação do PCP com o PEV, perdeu dois deputados, ficando agora com quatro representantes no Parlamento.
Numa eleição bastante participada, com uma abstenção em descida acentuada para 33,7%, os repetentes André Ventura (Chega) e Rui Tavares (Livre) foram os grandes vencedores, conseguindo quadruplicar a sua representação no Parlamento. Inês Sousa Real, do Pessoas-Animais-Natureza (PAN), conservou-se a si própria como deputada única do partido no Parlamento.
O resultado eleitoral saído das eleições de domingo pouco ou nada contribui para a governabilidade em Portugal. Seria, aliás, difícil imaginar um ‘puzzle’ mais difícil para dar estabilidade, apesar de os dois maiores partidos continuarem com mais de dois terços dos lugares no Parlamento. A esquerda é minoritária e à direita qualquer maioria terá de se formar sempre com o contributo do Chega.
André Ventura avisou que o Chega quer ser “a peça central do sistema político” e tentou colocar pressão no líder da AD, que depois de uma campanha eleitoral a dizer “não” a qualquer acordo, manifestou desde logo a “expectativa fundada” de que o Presidente da República o indigite como Primeiro-Ministro, sem abrir o jogo sobre que soluções de governabilidade irá procurar.
O líder socialista assumiu a derrota, mesmo ainda tendo uma possibilidade aritmética de conquistar mais mandatos do que a AD após a contagem dos votos da emigração, afirmando que, agora, é tempo de o PS “liderar a oposição”.
Ainda a marcar o ato eleitoral ficou a percentagem conquistada pelo partido ADN (Alternativa Democrática Nacional), que com 1,6% e mais de 100 mil votos ficou muito perto de alcançar um deputado no Parlamento, levando alguns dirigentes políticos a sugerir que este resultado surpreeendente se deveu a uma confusão de muitos eleitores com a sigla AD.