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Penas suspensas para dois homens que transportaram meixão capturado de forma ilegal

11 Janeiro 2024
Penas suspensas para dois homens que transportaram meixão capturado de forma ilegal
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O Tribunal de Vila do Conde condenou dois homens a dois anos e um ano e meio de prisão suspensa por, em 2023, terem transportado 37.660 quilos de meixão capturado de forma ilegal, anunciou hoje a Procuradoria-Geral Regional do Porto.
Numa nota publicada na sua página de Internet, a Procuradoria-Geral Regional do Porto referiu que o Tribunal de Vila do Conde considerou como provado que os arguidos transportavam no carro 131.810 exemplares de meixão, com 37.660 quilos, a 27 de fevereiro de 2023, pelas 1:10 da madrugada, altura do dia em que foram intercetados.
O meixão, capturado de forma ilegal, era para venda a pessoa não concretamente identificada por um preço de 244.790 euros, adiantou a Procuradoria-Geral Regional do Porto.
O meixão, ou enguia branca, como é vulgarmente conhecida, é muito procurado no mercado negro e tem um elevado valor comercial. A enguia-de-vidro é muito apreciada na região de Espanha e, embora a pesca tenha sido proibida em 2000, em todos os rios à excepção do Minho, as autoridades apreendem, regularmente, em acções de controlo e fiscalização, dezenas de quilos de meixão pescado ilegalmente.
Para apanhar o juvenil da enguia, os pescadores usam redes idênticas às mosquiteiras, que não deixam escapar nenhum peixe e, depois da pesca, o meixão chega a ser vendido, vivo, a valores astronómicos.
Para os espanhóis é uma iguaria de luxo. Em alguns países asiáticos também.
Em Portugal, o meixão, enguia branca ou angula (juvenil da enguia) não consta habitualmente nos cardápios dos restaurantes, mas é capturado ilegalmente ao longo de quase toda a costa para exportação e o negócio rende milhares de euros, ilegalmente, e coloca em perigo a subsistência da espécie.
O meixão tem a forma típica da enguia, mas o corpo é transparente e bastante mais pequeno (mede entre 4 e 5 centímetros). Nasce no mar dos Sargaços, no meio do Atlântico, e viaja depois até aos rios europeus. Isto porque, no outono, as enguias adultas partem dos rios europeus para o mar dos Sargaços, onde desovam a profundidades elevadas e acabam por morrer. Cada fêmea faz a postura de milhões de ovos. Após subirem à superfície, as larvas da enguia começam a ser arrastadas pela corrente quente do golfo do México até às costas europeias. Dos 20% que sobrevive à viagem, cerca de 80% morre devido à necessidade de adaptação às condições do novo meio ambiente.
Durante a migração, a enguia-de-vidro não se alimenta e a viagem até à costa europeia é feita à deriva. Só após essa longa viagem, que chega a atingir os 7.500 quilómetros, é que a angula começa a ter capacidade autónoma de movimentação. Ao chegar aos rios, os juvenis da enguia penetram até às zonas mais limpas, onde ficam durante 7 a 15 anos, até regressarem ao mar dos Sargaços, já adultos, para reproduzirem e morrerem.