A administração do Hospital Pedro Hispano, da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM), garantiu que não obrigou os médicos a acumular funções e negou as acusações da Federação Nacional de Médicos (FNAM) sobre “risco” para os doentes.
A Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM) refere que “no contexto de recusa às horas extraordinárias – para além das previstas por lei – que está a acontecer em várias unidades hospitalares, no caso do Hospital Pedro Hispano por parte do Serviço de Cirurgia Geral, o conselho de administração fez um pedido de colaboração, pelo que não se coloca a questão da obrigatoriedade, como se afirma”.
“Importa salientar que não existe a obrigatoriedade de o médico residente dar apoio ao Serviço de Urgência, mas sim, se concordar, colaborar com o objetivo de orientar/encaminhar os casos clínicos e o seu seguimento, quando solicitado para o efeito”, lê-se na resposta.
Este esclarecimento surge no dia em que a Federação Nacional de Médicos (FNAM) acusou a administração da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM), que inclui o Hospital Pedro Hispano, de impor a acumulação de funções aos cirurgiões, gerando “risco” para os doentes.
“O conselho de administração da ULSM coloca doentes em risco por estar a impor aos médicos cirurgiões a acumulação de funções em urgência interna e urgência externa”, descreveu a Federação Nacional de Médicos (FNAM), em comunicado.
De acordo com a Federação Nacional de Médicos (FNAM), o serviço de urgência externa de cirurgia do Hospital Pedro Hispano dispõe apenas de urgência interna com um único especialista em presença física, para apoio exclusivo ao internamento.
Em setembro “a esmagadora maioria” dos médicos especialistas e internos do serviço de Cirurgia Geral do Hospital Pedro Hispano entregaram as declarações de indisponibilidade para a realização de trabalho suplementar para além do limite legal das 150 horas anuais.
A urgência de cirurgia esteve fechada de sexta feira a domingo.
“Em claro abuso por parte dos dirigentes da instituição, nomeadamente da Direção Clínica e Direção do Serviço de Urgência, foram emanadas ordens escritas para que o ‘residente’ acumulasse a discussão e orientação de casos na urgência externa, já que estes não são triados diretamente para a cirurgia, bem como eventuais transferências inter-hospitalares”, descreveu a Federação Nacional de Médicos (FNAM).
Para a Federação Nacional de Médicos (FNAM), “esta situação é absolutamente ilegal porque implica uma simultaneidade de funções”.
A Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM) negou que tivesse feito essa exigência e apontou que internamente já esclareceu a situação.
“O conselho de administração já fez questão de esclarecer a situação junto dos médicos do Serviço de Cirurgia Geral (…). Evidentemente os profissionais reúnem todas as condições para tomarem a decisão que entenderem mais adequada, assegurando sempre a prestação de cuidados ao doente internado, pelo que não se coloca a situação de risco clínico”, apontou.
O conselho de administração da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM) reiterou, ainda: “internamente, a situação está esclarecida e essa colaboração tem sido prestada, pontualmente, por médicos residentes, que continuam a dar apoio ao Serviço de Urgência, quando necessário e solicitado”.