O presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim lamentou a falta de intervenção do Estado na Igreja Românica da Rates, edifício classificado como Património Nacional, que tem evidenciado sinais de degradação.
“Lamento que recentemente tenha sido publicada uma enorme lista de obras em monumentos nacionais, mas que, infelizmente, se tenham esquecido, mais uma vez, da Póvoa de Varzim e da Igreja de Rates”, disse Aires Pereira, presidente da autarquia.
O autarca garantiu que a Câmara já notificou a Direção-geral do Tesouro e Finanças para “perguntar se está planeada alguma intervenção no edifício”, mas que o assunto foi encaminhado para outro departamento da tutela.
“Responderam-nos a dizer que a responsabilidade de propor essas obras é do Ministério da Cultura. Mas a Igreja, e o seu património, continuam a degradar-se e ninguém resolve o assunto. Convinha que o Ministro da Cultura falasse com o das Finanças para se acertarem sobre o tema”, completou Aires Pereira.
O autarca da Póvoa de Varzim, eleito pelas listas do PSD, apontou que sendo a Ireja património do Estado, a Câmara só pode “fazer pressão institucional para que as obras de recuperação avancem”, mas garantiu que o município quer “fazer parte da solução”.
“Quando nos pediram apoio para a recuperação dos arcos do Aqueduto de Santa Clara também estivemos presentes. Estamos sempre disponíveis para ajudar a resolver os problemas”, garantiu Aires Pereira.
Este assunto já foi levado a Assembleia da República pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, que considerou a situação de degradação da Igreja “preocupante” e questionou o Ministro da Cultura sobre “quais as diligências que serão desencadeadas para assegurar a integridade arquitetónica deste monumento nacional”.
“Este importante monumento do concelho da Póvoa de Varzim está a degradar-se e a precisar de obras imediatas. Segundo os relatos, as paredes interiores estão cobertas de musgo, o telhado tem telhas partidas e com arbustos, vários vitrais partidos, o pórtico principal está em fase de degradação avançada, chove no interior e junto ao quadro elétrico. A situação está a preocupar a população, autarcas e visitantes”, denunciou o Bloco de Esquerda.
O partido lembrou que a Igreja “é visitada diariamente por centenas de peregrinos do Caminho de Santiago e é palco do ciclo de música sacra e do Festival Internacional de Música”, considerando que “é necessário que as obras [de recuperação] avancem o mais rápido possível”.
“Na pergunta endereçada ao Ministério da Cultura, os deputados do Bloco de Esquerda pretendem saber que medidas imediatas e urgentes pretende o ministério para proteger o monumento nacional e qual o prazo para a intervenção no monumento”, pode ler-se num comunicado do partido.
A Igreja Românica de Rates, situada na freguesia poveira de São Pedro de Rates, está classificada como Monumento Nacional desde 1910.
O edifício foi mandado construir pelo Conde D. Henrique, entre os anos 1096 e 1100, no século XI, com alterações reconstrutivas nos séculos XIII, XV, XVII e XVIII.
Segundo a Direção-Geral do Património Cultural trata-se de um “monumento nuclear da arte românica, devido às diferentes cronologias e oficinas da sua fábrica, que se deduz morosa (…) transformando-a assim numa das igrejas mais curiosas desse período”.