Um homem de 27 anos confessou hoje no Tribunal de Aveiro ter sequestrado, com mais três indivíduos não identificados, um taxista em Matosinhos, tendo percorrido 440 quilómetros com a vítima no carro, durante quase sete horas.
Na primeira sessão do julgamento, em que responde pelos crimes de sequestro, roubo e coação agravada na forma tentada, o arguido confessou a maior parte dos factos, esclarecendo apenas que a arma usada no crime foi uma pistola de “airsoft”.
Também negou ter roubado 45 euros da bolsa do taxista, como refere a acusação do Ministério Público (MP), afirmando que terá sido um dos indivíduos que o acompanhava que ficou com o dinheiro.
Questionado pela juíza presidente quanto ao motivo do crime ocorrido na noite de 13 para 14 de dezembro de 2018, o arguido limitou-se a dizer que “queria sair do Porto e queria estar protegido”, alegando que andava a sofrer ameaças de um amigo a quem tinha ido buscar um carro a Lisboa que, entretanto, desapareceu.
“O ato em si é injustificável”, referiu o arguido, que está a cumprir uma pena de três anos e oito meses de prisão efetiva, pelo sequestro e roubo de um outro taxista que fechou na bagageira do táxi a meio de uma viagem entre Lisboa e Porto, ocorrida dois dias antes dos factos agora em julgamento.
O coletivo de juízes também ouviu o taxista que disse ter sido abordado em Matosinhos por quatro indivíduos que lhe pediram para os levar a Esmoriz, no concelho de Ovar, onde um deles lhe apontou uma arma e ordenou que passasse para o banco traseiro da viatura.
O taxista contou ainda que os sequestradores explicaram-lhe que iam fazer “um servicinho” e que não lhe iriam fazer mal se ele se portasse bem, tendo um dos indivíduos passado para o lugar do condutor e arrancado em direção a Coimbra. Quando chegaram a Coimbra, pararam num bairro, tendo alguns dos ocupantes saído da viatura e regressado pouco tempo depois, e fizeram outra paragem num “drive-in” para comprar comida, antes de regressarem ao Porto.
Os indivíduos acabaram por abandonar o táxi e libertado o taxista cerca das 04:45, na Apúlia, em Esposende, no distrito de Braga.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), o arguido e os outros três indivíduos percorreram 440 quilómetros entre as 22:00 e as 04:45 com o táxi, mantendo o ofendido cativo no interior da viatura durante todo o percurso e sempre com uma arma de fogo apontada para ele.