O presidente da Ordem dos Engenheiros do Norte, Bento Aires, defendeu que a falta de projetos de ferrovia pesada entre o quadrilátero urbano do Minho (Barcelos, Braga, Guimarães e Famalicão) no Plano Ferroviário Nacional revela “falta de ambição”.
“É mais um dos exemplos da falta de ambição. Quando falamos do quadrilátero urbano, e aqui falamos do quadrilátero mais alargado na versão que foi aqui apresentada [incluindo Viana do Castelo], é mais uma das falhas que o plano tem, quando eu o acusei de não ter ambição”, disse Bento Aires aos jornalistas.
O responsável da secção do Norte da Ordem dos Engenheiros (OERN) falava após a conferência “Que ferrovia para a região Norte?”, que incluiu a apresentação de uma proposta para ligação ferroviária de passageiros entre Viana do Castelo, Barcelos, Braga e Guimarães, da autoria de João Cunha, autor de várias publicações especializadas em ferrovia.
Para Bento Aires, “a mobilidade não é só entre grandes capitais locais, entre grandes superfícies, é também dentro de núcleos urbanos mais consolidados”.
Questionado acerca dos custos do projeto para uma região com orografia acidentada, Bento Aires lembrou que um plano não tem de incluir os custos, mas sim “uma opção que tem de ser estudada e aprofundada”.
Em 27 de janeiro, o secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, afirmou que seria “muito difícil justificar” a existência de ferrovia pesada entre Braga e Guimarães, pelo elevado custo estimado da empreitada, de “centenas de milhões de euros”, perto de mil milhões.
O Plano Ferroviário Nacional (PFN), em consulta pública até 28 de fevereiro, propõe um “Sistema de Mobilidade Ligeira do Cávado-Ave”, uma rede que inclui também ligações a Fafe, Famalicão, Felgueiras e Póvoa de Varzim, aproveitando canais ferroviários desativados.
“Propõe-se uma solução de transporte em sítio próprio ligeiro para estas cidades que, ainda que possa numa fase inicial ser rodoviário, com um sistema de Bus Rapid Transit (BRT) ou Metro-Bus, deverá sempre prever a possibilidade de evoluir para um sistema ferroviário”, pode ler-se no documento.
Para o antigo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) Luís Braga da Cruz, também orador na conferência, haver ligação ferroviária no quadrilátero “é uma forma de estabelecer ligação entre cidades muito dinâmicas sob o ponto de vista económico, com muita população, numa lógica de descarbonização”.
“Tem lógica, acho que faz sentido, mas tem de ser estudado”, advertiu.
No dia 6 de fevereiro, a Câmara de Braga chumbou uma proposta de recomendação ao Governo, apresentada pela CDU, para a inclusão, no Plano Ferroviário Nacional (PFN), da ligação entre aquela cidade e Guimarães.
No dia 17, a mesma força política, mas em Guimarães, disse que “não abdica” da ligação ferroviária a Braga, classificando de “medidas paliativas” e de “manobras de diversão” as propostas de ligação por ‘metrobus’ ou por metro ligeiro de superfície.
Na última reunião de câmara, realizada a 9 de fevereiro, o presidente da autarquia, Domingos Bragança (PS), anunciou que vai avançar com o projeto para a ligação à alta velocidade ferroviária e à cidade de Braga através de ‘metrobus’ ou de metro ligeiro de superfície.