As reclamações dos utentes relacionadas com constrangimentos nos serviços de Ginecologia e Obstetrícia registaram um aumento de 113% nos primeiros sete meses do ano, segundo dados divulgados pelo Portal da Queixa.
A análise da plataforma dirigida aos consumidores aponta que, só entre junho e julho, 41% das reclamações reportam problemas com estes serviços em várias unidades hospitalares do país.
O Hospital de Faro, no Algarve, é a entidade de saúde “com mais queixas”, seguido do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, no Porto.
“De norte a sul do país, vários serviços de urgência de Ginecologia e Obstetrícia têm registado constrangimentos consecutivos desde junho, sobretudo, durante o fim de semana. A insatisfação dos utentes é visível através do número de reclamações que chegam ao Portal da Queixa”, refere a plataforma, em comunicado.
Segundo a análise efetuada ao setor da Saúde pelo Portal da Queixa, nos primeiros sete meses do ano verificou-se um crescimento de 30% do número de reclamações relacionadas com a subcategoria ‘Hospitais e Maternidades’, em relação ao período homólogo do anterior.
Este ano, cerca de 20% das queixas apresentadas enquadram-se em ambiente de urgência, aponta.
E sobre as queixas com foco nos serviços de Ginecologia e Obstetrícia, os dados revelam uma subida de 113%, de janeiro até julho, comparativamente com o período homólogo de 2021.
Entre os principais motivos de reclamação apresentados pelos utentes, mais de 60% das queixas reportam a falta de qualidade de atendimento destes serviços, quer no atendimento em urgência, atendimento em consulta ou atendimento telefónico.
Problemas com o parto é outra das causas apontadas, salienta a plataforma no comunicado.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) alertou na segunda feira que o problema do fecho de serviços de urgências vai agravar-se até ao final do ano, apelando ao Governo de Portugal para acelerar o processo negocial com os sindicatos para mitigar a situação.
Ao saírem mais médicos do que aqueles que entram no SNS, “naturalmente, que essa situação se vai agravar até ao final do ano”, até porque os médicos durante a pandemia fizeram “muitíssimas horas extraordinárias, não usaram férias, e necessitam de tempo para a sua vida pessoal, para a sua vida mental, porque de outra forma não são bons médicos”, alertou o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
Segundo Roque da Cunha, a situação nas próximas semanas será “muito semelhante” em termos de urgências obstétricas, com serviços encerrados durante os fins de semana.