O deputado socialista Jorge Seguro Sanches destacou, no parlamento, os projetos de investimentos previstos para Sines nos próximos anos e considerou que será uma plataforma estratégica no processo de transição energética do país.
“Há razões para estarmos atentos àquilo que Sines nos pode dar nos próximos anos”, declarou o ex-secretário de Estado e deputado do PS eleito pelo círculo de Setúbal na sua intervenção em plenário da Assembleia da República.
Em matéria energética, Jorge Seguro Sanches referiu que Portugal é um país que não possui recursos fósseis.
“Não temos petróleo ou gás natural, mas temos eletricidade produzida com fontes renováveis que nos permitem ser um país exemplar”, disse, numa alusão aos desafios das transições climática e digital.
Na sua intervenção inicial, Jorge Seguro Sanches referiu que, “depois de décadas de planos e de promessas adiadas, Sines é hoje – finalmente – uma certeza de desenvolvimento industrial e logístico do país”.
“Cada vez mais – e até por aquilo que nestes dias acontece a Leste na Europa, cada vez mais visível a todos os europeus – Sines assume um potencial estratégico ainda para mais associado ao potencial da Zona Económica Exclusiva de Portugal, a segunda maior da Europa”, apontou.
Segundo o deputado socialista, “Sines é hoje um motor em crescimento da economia nacional, quer através da sua inserção logística global, quer da aposta na transição energética e na transição digital”.
“Esta semana, a empresa responsável pelo desenvolvimento do ‘hyperscaler’ data centre SINES 4.0, iniciou a construção da primeira fase do projeto – um investimento de 130 milhões de euros e com conclusão prevista para o primeiro trimestre de 2023, com a criação de 70 a 100 novos postos de trabalho diretos em Sines. Estima-se que, durante este ano, sejam igualmente criados 400 postos de trabalho indiretos”, apontou.
Jorge Seguro Sanches adiantou que este investimento “é um resultado da existência de Estações de Amarração de Cabos (CLS) submarinos de telecomunicações e de centros de processamento e armazenamento de dados, em investimentos de 3,5 mil milhões de euros”.
Na sequência desta intervenção, o deputado do Chega Bruno Nunes comentou que quase verteu uma lágrima quando ouviu o ex-secretário de Estado socialista falar sobre Sines.
“Mas estamos a falar de realidade virtual e, aqui, no parlamento, os óculos de realidade virtual não foram distribuídos aos deputados”, declarou, criticando, depois, os preços da habitação no concelho de Sines.
O deputado do PSD Jorge Mendes referiu a ação desenvolvida pelo executivo PSD/CDS-PP de Pedro Passos Coelho para as interconexões de energia entre a Península Ibérica e França, o que considerou essencial para o futuro de Sines e para a independência energética da própria Europa.
Já o deputado único do Livre, Rui Tavares, defendeu a criação de uma empresa pública para intervir na futura economia do hidrogénio, apontando como exemplo o caso norueguês.
A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, advogou que o Governo deve apoiar o embargo total da União Europeia às importações de energia da Rússia e advertiu que os projetos previstos para Sines não devem colocar em causa o turismo de natureza nesta zona do país.
Bruno Dias, deputado do PCP, apontou “anúncios” de industrialização do país “que não saíram do papel”, criticou o encerramento precipitado das centrais a carvão de Sines e do Pego e caracterizou como “criminoso” o encerramento da refinaria de Matosinhos.