Uma jovem de 19 anos lançou uma campanha de recolha de alimentos sem glúten para pessoas celíacas (doença auto-imune causada pela intolerância ao glúten) afetadas pela guerra na Ucrânia, tendo já pontos de recolha em vários locais do país.
Natural do Porto, Margarida Abreu, a estudar na Faculdade de Lugo da Universidade de Santiago de Compostela, em Espanha, colocou em marcha a campanha “Ucrânia – Sem Glúten” na passada segunda feira com o objetivo de, nas próximas duas a três semanas, conseguir encher “pelo menos” um camião de alimentos sem glúten para “suprir as necessidades imediatas” de pessoas celíacas ucranianas que estão a fugir do país por força da invasão russa.
Os alimentos recolhidos vão, posteriormente, ser encaminhados para as associações de celíacos da Polónia e da Ucrânia que, depois, farão a sua distribuição, contou.
Até ao momento, existem pontos de recolha por todo o país, nomeadamente no Porto, Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Póvoa de Varzim, Espinho, Braga, Ovar, São João da Madeira, Beja, Almada, Moita, Leiria e São Domingos de Rana.
Margarida Abreu, que é celíaca, motivo que espoletou a criação desta campanha, sublinhou que o objetivo é recolher apenas bens alimentares para celíacos e alérgicos e não outro tipo de bens, nomeadamente roupa ou calçado.
Antes de serem enviados para a Polónia e Ucrânia, os produtos – massas secas e farinhas sem glúten, azeite, frutos secos, sal, sardinhas, atum, ervilhas, feijão e grão-de-bico em lata ou leite sem lactose – vão ser triados para evitar perigos de contaminação.
“Seria muito importante enviar um camião em duas a três semanas no máximo”, referiu Margarida Abreu.
Depois de mandar esse primeiro camião, a campanha prossegue porque é muito importante os celíacos comerem alimentos adequados, comentou.
Agora, contou Margarida Abreu, estão a ser desenvolvidos contactos com empresas locais para estabelecer parcerias, sendo o objetivo encontrar quem tencione disponibilizar transporte, armazém para guardar os produtos e caixas de cartão.
“Esta foi a forma que encontrámos para ajudar aqueles que têm necessidades especiais e que, neste momento, mais precisam”, disse.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o ainda reforço de sanções económicas a Moscovo.