As conserveiras portuguesas A Poveira, Briosa, Cofaco, Cofisa, Conservas Portugal Norte, Conserveira do Sul, Comur, José Gourmet, Pinhais e Ramirez juntaram-se para criar uma lata de sardinha portuguesa em formato de lingote.
A ideia, que tem como objetivo “valorizar o cluster das conservas portuguesas”, aparece no âmbito dos fundos que vão ser libertados pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), também conhecido por bazuca, e está orçamentado em 20 milhões de euros, com metade do valor a ser alocado à comunicação do produto.
“É um projeto que envolve todo o setor e a ideia passa por juntar as dez conserveiras portuguesas que trabalham a sardinha, de forma a envolver todas as conserveiras de Portugal. É um projeto que visa valorizar o cluster das conservas portuguesas e estamos com muitas expectativas”, disse o administrador da Comur e responsável financeiro do Grupo Valor do Tempo, que detém a conserveira.
A ideia de juntar as conserveiras portuguesas partiu deste grupo e, caso o projeto venha a ser aprovado, esta lata de sardinha portuguesa vai ser direcionada apenas para exportação e cada unidade vai custar cerca de 20 euros.
“Queremos ter uma conserva feita da mesma forma por todas as conserveiras que trabalham a sardinha”, sublinhou Paulo Moreira.
Para o administrador do grupo, a “sardinha é o ouro português e faz todo o sentido que seja apresentada desta forma”.
O responsável sublinhou ainda que este projeto é uma forma de “criar um mercado novo, de nicho, para as conservas portuguesas”.
“Isto é um projeto do setor e acreditamos que vai ter um efeito de arrastamento sobre o cluster, ao remunerar muito melhor desde o pescador aos restantes intervenientes. Se este produto tiver o sucesso que esperamos, tudo o que seja conserva portuguesa vai beneficiar desta imagem e de toda a comunicação que vai ser feita”, destacou o administrador da Comur.
De acordo com a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP), a indústria portuguesa das conservas conta com 21 empresas em laboração – 17 em Portugal Continental e quatro nos Açores (12 só de sardinha) – e emprega cerca de 3.500 pessoas, sendo que 90% são do sexo feminino, perto de 3.150 trabalhadoras.
Ainda segundo os dados partilhados pela Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP), 70% da produção é direcionada aos mercados externos. Em 2019 foram exportadas cerca de 50 mil toneladas de conservas portuguesas, o que correspondeu a uma faturação superior a 200 milhões de euros, sendo as espécies mais enviadas para o exterior o atum, a sardinha e a cavala.
A ideia já está submetida desde setembro passado e aguarda apenas a aprovação das entidades competentes.