O selo “Hospitalidade Jacobeia”, esta quarta feira apresentado em Vila do Conde, pretende ser uma ferramenta para o licenciamento dos apoios aos peregrinos do Caminho de Santiago em Portugal, acabando com lacunas indesejadas, revelou a presidente da entidade promotora.
Ana Rita Dias, presidente da Federação Portuguesa do Caminho de Santiago, apresentou o projeto que surge da “necessidade de haver uma diferenciação e caracterização no serviço ao peregrino”.
“Sabemos que há pessoas que também se podem aproveitar do alojamento de peregrinos não tendo as condições de segurança exigidas. Obviamente que há casos em que existem todas as condições, os peregrinos são muito bem recebidos nos albergues, mas há algumas lacunas que têm de ser sanadas”, explicou a responsável.
Apontando-o também como “uma possibilidade de se melhorarem os licenciamentos” da parte de quem “recolhe e alberga peregrinos”, Ana Rita Dias pretende com o selo conseguir a certificação de “20 equipamentos, entre albergues e alojamentos privados, em solo nacional”.
“Há outras situações, mas enquanto não estiverem resolvidos, ou seja, mostrarem estar aptos para receber peregrinos ou fazerem parte do Caminho de Santiago, vão ter de continuar sem ele”, disse.
À margem da conferência de imprensa, que decorreu num hotel de uma freguesia de Vila do Conde, que foi juntamente com um albergue de Castro Daire os primeiros a receber o selo, a vice-presidente da Rede de Apoio ao Peregrino em Portugal, Carla Silva, afirmou-se contra essa distinção.
“Mostramos o nosso desacordo e desagrado pela atribuição de um selo de Hospitalidade Jacobeia a um empreendimento turístico, quando a federação portuguesa tem como membros muitos dos albergues que já poderiam ter esta certificação na sua porta, uma vez que todas as transformações são feitas de dentro para fora”, disse.
Frisando que o “turismo é uma parte distinta da peregrinação”, a dirigente da rede afirmou, contudo, concordar que o selo “seja atribuído a toda a gente”, mas que em primeiro lugar o deveria ser “aos albergues e às associações que dedicam o seu tempo livre ao Caminho de Santiago”.
“Estamos a falar de associações abertas diariamente das 9:00 às 22:00, com voluntários, de sítios que acolhem peregrinos e que se for preciso os levam ao médico, não só lhes arranjam as bicicletas, de pessoas que trabalham no Caminho há mais de 40 anos e que não estão a ver esse reconhecimento”, acrescentou ainda.
No mesmo evento, foi ainda apresentado um segundo projeto da federação para o Ano Santo Jacobeu 2021-2022, sete ‘emojis’ que “reforçam a presença e a identidade digital do Caminho de Santiago e do peregrino”.
Ao todo, são nove imagens: a seta amarela do Caminho de Santiago, a catedral, albergue, concha/vieira, concha vieira/estilizada, pegada e silhueta do peregrino, cruz de Santiago e cabaça de Santiago que, uma vez autorizados, passarão a figurar no universo digital sobre o Caminho de Santiago.
Este projeto foi submetido a 25 de agosto ao consórcio UNICODE, a quem cabe o licenciamento dos padrões de forma aberta e gratuita sob várias licenças de código aberto, lê-se na comunicação distribuída.