A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, criticou este domingo o Governo por nomear Vítor Fernandes para a liderança do Banco do Fomento, lembrando as alegadas ligações do responsável a Luís Filipe Vieira.
“Estava na administração do Novo Banco quando Luís Filipe Vieira recomprou dívida de mais de 50 milhões, por apenas nove milhões, num negócio tão mal explicado que agora uma das medidas [de coação] a que Luís Filipe Vieira está sujeito é não poder estar em contacto com Vítor Fernandes”, disse Catarina Martins.
A líder do BE, que esteve este domingo em Vila do Conde, no distrito do Porto, na apresentação dos candidatos autárquicos locais, estranhou a entrega de um mecanismo para a recuperação da economia e do emprego do país – o Banco do Fomento – “a alguém que está ligado aos escândalos bancários sucessivos” vividos nos últimos anos.
“Podem dizer que não sabiam desta ligação entre Vítor Fernandes e Luís Filipe Vieira, mas o Bloco de Esquerda já tinha dito no parlamento que era muito estranho nomear-se para o Banco do Fomento alguém que esteve nas administrações da Caixa Geral de Depósitos, com Santos Silva, com empréstimos nunca explicados para que se comprassem ações do BCP a Joe Berardo”, acrescentou.
Catarina Martins referiu que são “escândalos financeiros como estes e uma economia de casino e especulação imobiliária que afundam país”, classificando a nomeação de Vítor Fernandes como “inaceitável”.
“Nunca vamos recuperar da crise desta pandemia se acharmos que a solução estará no investimento igual ao que foi feito até agora, em que o sistema financeiro se dirige a estes grandes negócios imobiliários e bolhas especulativas, que fazem alguns muito ricos, para depois deixar dívidas de milhões aos contribuintes e negar o direito à habituação da população”, acrescentou Catarina Martins.
Nesse âmbito, defendeu a criação de “um parque público habitacional que garanta que todos no país tenham direito a teto digno”, lançando um repto ao Governo e às autarquias para mais medidas nesse sentido, criticando que “se estourem milhões na bolsa da especulação imobiliária”.
“Quem vive da sua pensão ou do seu salário paga a renda no fim do mês. Não vai a uma comissão de inquérito parlamentar dizer que não se lembra do que fez com os milhões que andou a roubar aos contribuintes”, afirmou a líder do Bloco de Esquerda.
Entre as medidas de coação aplicadas neste fim de semana ao presidente suspenso do clube Sport Lisboa e Benfica está a proibição de contactos com várias pessoas, inclusive Vítor Fernandes.