O Bloco de Esquerda apresentou este domingo a sua candidatura às eleições autárquicas em Vila do Conde. António Louro Miguel, cabeça de lista à Câmara Municipal, falou num “projeto alternativo e de mudança”, que “não serve clientelas nem interesses obscuros”, assente em valores que “os executivos camarários anteriores, todos maioritários, nunca souberam promover nem salvaguardar”.
Um dos eixos programáticos centrais que apresentou foi a necessidade de “pugnar com urgência pela remunicipalização do serviço de distribuição de água e interceder eficazmente no sentido da redução dos preços cobrados pela concessionária”. António Louro Miguel considerou que esta é “uma das maiores e das mais prolongadas injustiças impostas aos vilacondenses que pagam muito mais que a maioria dos portugueses pela água que consomem”.
O candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Vila do Conde acusa os anteriores executivos camarários de “desleixo no que toca ao ordenamento do território”, dando como exemplo o facto de que “o único PDM elaborado data do século passado e já devia ter sido sucessivamente revisto”.
“Incapacidade, incompetência e inércia” são palavras utilizadas pelo Bloco de Esquerda para descrever a gestão do concelho de Vila do Conde, “que se tem desenvolvido assimetricamente, sem coesão territorial, dando azo a desmandos urbanísticos como o crescimento que parece imparável na edificação junto à linha de costa” ou o “tristemente célebre processo de licenciamento do prédio a norte da Igreja das Caxinas cujos contornos e prejuízos para o erário municipal não foram ainda suficiente e cabalmente esclarecidos”.
O partido denunciou que “há mais de uma década que não há construção de habitação social” e que as “últimas atribuições de imóveis foram feitas por sorteio”, falando numa “insensibilidade e indiferença face às necessidades de habitação social”, que “chegou mesmo ao ponto de se decidir vender 21 imóveis na Urbanização do Pindelo ao abrigo de um programa de realojamento que nunca foram ocupados”. O Bloco de Esquerda aponta o dedo à autarquia vilacondense, que “decidiu fazer obras de reabilitação para com a sua venda arrecadar cerca de dois milhões de euros”. A Câmara “comporta-se como um simples promotor imobiliário”, criticou António Louro Miguel.
O Bloco de Esquerda hasteia outras bandeiras, como a “reivindicação da construção do novo centro hospitalar”, o “desassoreamento permanente do porto”, o “fim das portagens da A28”, a “atribuição automática da tarifa social da água” ou concretização do “museu do mar e das pescas”, um projeto para a “preservação da memória” e que é uma “homenagem à maior comunidade piscatória do país”.
O cabeça de lista do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Vila do Conde disse também que tem havido “falta de cuidado na preservação de recursos naturais e preservação ambiental” e que “continua por fazer um plano de gestão da paisagem protegida regional do litoral”, manifestando que “Vila do Conde é um dos concelhos mais expostos e vulneráveis às implicações dramáticas decorrentes das alterações climáticas”.
Fotografia: João L. Maio