Os trabalhadores da Super Bock convocaram para os próximos dias 8 e 9 de junho uma greve em protesto contra os aumentos salariais de “0%” propostos pela administração, de acordo com dois comunicados, esta sexta feira divulgados.
Numa das notas, o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB) adianta que “os trabalhadores da Super Bock Bebidas estarão em greve nos próximos dias 08 e 09 de junho, à qual se somará a já duradoura greve ao trabalho suplementar, no feriado, dia 10, e levarão a cabo uma ação de protesto e denúncia, durante a manhã do dia 08, em frente à fábrica, e sede da empresa, em Leça do Balio”, no concelho de Matosinhos.
Noutro comunicado, a Comissão de Trabalhadores da empresa recorda que no dia 12 de fevereiro os sindicatos (SINTAB e SINTICABA) e a Super Bock reuniram-se “para iniciar o processo de negociação das propostas de atualização do Acordo Coletivo do Trabalho, nomeadamente ao aumento salarial, apresentadas à empresa”.
“Dessa reunião saiu uma clara e inequívoca intenção, por parte da Super Bock, de não negociar as propostas apresentadas pelos sindicatos, salientando, mesmo, um aumento de 0%”, lê-se na mesma nota, na qual a Comissão de Trabalhadores acrescenta que, “após essa data”, a empresa “não mais se mostrou disponível para voltar à mesa das negociações”.
Contactado, o Super Bock Group “confirma a receção de um pré-aviso de greve para os dias 08 e 09 de junho”, referindo que se trata “da 3.ª greve no espaço de seis meses, uma posição incompreensível dado o contexto que o país ainda atravessa (com confinamento geral durante 2,5 meses, a contração do mercado de cerveja em Portugal e a incerteza quanto ao regresso a uma normalidade)”.
A empresa garante ainda, “ao contrário do que vem afirmado”, que se mantém, “tal como sempre se manteve disponível, para retomar o processo negocial com os sindicatos, aguardando por parte destes igual disponibilidade”.
A Comissão de Trabalhadores acusa a Super Bock de aplicar “vários regimes de horários desregulados, há muito tempo anunciados, na área industrial, fazendo com que os trabalhadores vissem os seus rendimentos reduzidos e as suas vidas, social e familiar, afetadas”, acrescentando que, “após estas atitudes”, os trabalhadores “decidiram, em plenário, encetar formas de luta que passaram por greve a todo o trabalho suplementar e feriados, luta que ainda se mantém”.
“A administração da Super Bock, vendo que a adesão à greve é superior a 95%, na área industrial, encetou uma estratégia que visa única e exclusivamente dividir e instrumentalizar dos trabalhadores afetados, com tentativas de acordos individuais, sempre por via da perda de rendimentos”, garante a Comissão de Trabalhadores.
Já o SINTAB denuncia que, “durante as greves ao trabalho suplementar, os piquetes de greve têm identificado inúmeras violações à lei da greve que serão, obviamente, denunciadas”.
Estas “violações” passam “pela substituição de trabalhadores em greve por trabalhadores com contrato de trabalho temporário, completamente fora do âmbito do motivo justificativo desses contratos, até à transferência pontual, e a preceito, de posto de trabalho dos trabalhadores escalados para o fim de semana, passando pelo envio semanal de dezenas de cisternas de cerveja para enchimento na concorrência”.
Instado a comentar estas acusações, o Super Bock Group ainda não se pronunciou.