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ARS-Norte centraliza leitura e partilha de exames criando ganhos de tempo e dinheiro com e-MCDT

1 Junho 2021
ARS-Norte centraliza leitura e partilha de exames criando ganhos de tempo e dinheiro com e-MCDT
Tecnologia
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Ganhos em tempo e dinheiro, bem como evitar a duplicação de exames, são vantagens do e-MCDT, um projeto que a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) criou para centralizar a leitura e partilha de radiografias.
“A grande inovação do projeto é que existe um arquivo central de imagens e o relato [análise do exame] é centralizado também. O projeto está operacional em 19 salas de radiografia distribuídas por 16 locais e o objetivo é estender a toda a região e aos hospitais”, descreveu a coordenadora do projeto, Joana Abreu.
Em causa está uma aposta da ARS-N, que em 2018 avançou com o e-MCDT em Moimenta da Beira e, entretanto, o estendeu ao Porto, Gaia, Gondomar, Penafiel, Baião, Cinfães, Arouca, Montalegre, Alijó, Vila Real, Lamego, Barcelos, Póvoa de Varzim e Vila do Conde.
Até ao momento foram realizados aproximadamente 140 mil exames de radiologia ao abrigo deste programa, cujo nome vem de “Meios Complementares de Diagnóstico” (MCDT).
Além dos cuidados de saúde primários, também o Hospital de Santa Maria Maior, no concelho de Barcelos, decidiu aderir, e está a ser preparada a integração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Joana Abreu, diretora técnica das unidades de radiologia da ARS-N, disse ter expectativa de que o e-MCDT alcance outros parceiros de âmbito hospitalar “em breve”.
“Na prática estamos a falar da simplificação do processo que envolve os exames de radiografia convencional, os chamados raio-X”, disse.
Até à chegada desta aposta da ARS-N, os médicos de família requisitavam o exame e o utente tinha de se deslocar a um centro convencionado para o realizar, recolhê-lo mais tarde e deslocar-se de novo ao centro de saúde para o mostrar ao profissional que o pediu.
Coloque-se o cenário de Cinfães, concelho do distrito de Viseu, e do utente Américo Barreto, um antigo metalúrgico de 74 anos que se deslocou ao Centro de Saúde por causa de uma dor forte nas costas e saiu com a necessidade de fazer um raio-X.
“Se não pudesse ter ido à sala de radiografia do meu Centro de Saúde, que agora já funciona, tinha de ir a um privado no Marco de Canaveses que fica a 30 quilómetros e só há dois transportes por dia para ir e vir. Isto é terra de pessoas idosas. Era muito complicado. Assim, nem tive de ir entregar o exame à médica”, descreveu o utente.
Recorrer a um convencionado era a prática comum antes do e-MCDT da ARS-N ser espalhado pela região Norte.
Isso acontecia apesar de existirem salas de radiografia e técnicos, mas a inexistência de médicos especializados em todos os locais não permitia a leitura dos resultados.
“O que a ARS-N fez foi centralizar o processo, criando um arquivo único e quem relata os exames efetuados em todos os CDPs [Centros de Diagnóstico Pneumológico] é o CDP do Porto”, descreveu Joana Abreu. E o relatório fica disponível no sistema em quatro a cinco dias.
O processo de Américo Barreto foi levado a cabo pela equipa onde trabalham Gabriela Oliveira, médica de família da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Cinfães, e Filipa Soares, técnica de radiologia do Centro de Diagnóstico Pneumológico nesse concelho.
Ambas avaliam este projeto da ARS-N como “uma mais-valia” quer para utentes, quer para profissionais, uma vez que agora também foi estabelecida uma espécie de ‘via verde’ entre médicos e técnicos.
“Em menos de uma semana conseguimos ter o exame relatado pelo médico radiologista, o que também é uma enorme vantagem porque diminui possíveis erros de interpretação”, apontou Gabriela Oliveira.
Dados da ARS-N dão conta de que até à criação deste projeto “não existia nenhum processo que permitisse que os exames da rede convencionada fossem arquivados e partilhados com os médicos do SNS [Serviço Nacional de Saúde]”.