Os deputados municipais da CDU criticaram o “silêncio” do presidente da Câmara Municipal do Porto, o independente Rui Moreira, sobre o encerramento da refinaria da Galp em Matosinhos.
Durante a sessão ordinária da Assembleia Municipal do Porto, que decorreu por videoconferência, a deputada Joana Rodrigues, da CDU, lamentou, no período dedicado às declarações políticas, “o silêncio” do autarca sobre esta matéria.
“Não podemos deixar de referir que consideramos no mínimo estranho o silêncio por parte de Rui Moreira relativamente a um assunto desta importância. Quando noutras alturas se mostrou defensor acérrimo em questões regionais (…) onde está agora esse porta-voz quando nos encontramos perante esta perda para o distrito do Porto e para a região Norte”, questionou a deputada.
Joana Rodrigues considerou ainda que o Governo tem os instrumentos necessários “para travar a decisão” da Galp, defendendo que a nacionalização seria a solução ideal para se recuperar um setor estratégico para o país.
Fonte do sindicato afirmou que os trabalhadores da refinaria da Galp em Matosinhos, que deverá encerrar até final do ano, vão protestar em frente à Câmara Municipal do Porto no dia 25.
A concentração, que compreende a realização de um plenário de trabalhadores, está agendado para 25 de fevereiro, às 14:30, em frente à Câmara Municipal do Porto, disse Telmo Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (SITE) do Norte e da Comissão de Trabalhadores.
O sindicalista explicou que o objetivo é “ouvir” o presidente da autarquia, o independente Rui Moreira, sobre o fecho do complexo petroquímico que vai afetar não só o concelho de Matosinhos, onde está sedeada, mas toda a região norte.
“Já pedimos reunião com o presidente Rui Moreira e, até agora, nada. Está calado sobre o assunto”, afirmou.
Telmo Silva criticou o facto de o independente ainda não ter defendido publicamente a refinaria, sendo ele um “defensor do Norte”.
A Galp anunciou em dezembro de 2020 a intenção de concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos este ano.
A decisão põe em causa 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos, conforme estimativas dos sindicatos.
Telmo Silva adiantou que a empresa continua sem dar respostas aos trabalhadores, nem a apresentar soluções.
Depois de um plenário de trabalhadores junto à Câmara Municipal de Matosinhos a 12 de janeiro, estes manifestaram-se a 2 de fevereiro em frente à sede da Galp e à residência do Primeiro-Ministro, António Costa, em Lisboa.
O Estado é acionista da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.