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Associação dos Produtores de Leite de Portugal defende aumento do preço do leite ao produtor

3 Janeiro 2021
Associação dos Produtores de Leite de Portugal defende aumento do preço do leite ao produtor
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A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) defendeu o aumento do preço do leite ao produtor, num ano em que continuaram a trabalhar, apesar da pandemia, mas em que o preço ficou abaixo da média europeia.
“Os produtores de leite terminam 2020 com o sentido de dever cumprido, porque não pararam de trabalhar para que houvesse alimento na mesa dos portugueses, apesar das dificuldades inerentes à pandemia da Covid-19”, refere a APROLEP em comunicado, advertindo que persiste entre os produtores um “sentimento de injustiça”, porque “este foi mais um ano com o preço do leite abaixo da média europeia”.
Em outubro, Portugal registou um preço médio de 30,4 cêntimos por quilograma de leite, cerca de 4,6 cêntimos abaixo do preço médio comunitário, sendo este o quarto pior preço entre os 27 Estados-Membros.
O preço do leite em Portugal, “mês após mês, ano após ano, esteve sucessivamente abaixo do preço médio de Espanha e da Europa”, apesar de os produtores comprarem combustíveis, adubos e rações a um preço equivalente aos dos colegas europeus, lê-se no comunicado.
Segundo a APROLEP, só tem sido possível manter a produção de leite recorrendo ao crédito, adiando investimentos, comprando máquinas em segunda mão ou recorrendo ao sacrifício pessoal de agricultores e familiares, que “abdicam de receber uma justa remuneração” pelo seu trabalho.
Para agravar a situação, além da subida anunciada do salário mínimo e dos aumentos habituais da energia e dos restantes custos de produção, ocorreu nos últimos meses um “aumento significativo” no preço das matérias-primas e cereais usados no fabrico das rações, necessárias para equilibrar o bolo alimentar das vacas, baseada no milho e erva produzidos nos seus campos, lembra a associação, dizendo que “apesar da ração comprada ser, em média, apenas 20% da quantidade total de alimento ingerida por uma vaca, representa cerca de 50% dos custos de uma vacaria”.
“A nossa preocupação é agravada pela decisão do Ministério da Agricultura em relação ao período de transição 2021-2022 que provocará uma perda de 12% na ajuda ao rendimento do setor e mais ainda, no âmbito da reforma da PAC até 2027, com a anunciada redução das ajudas do atual RPB (Regime de Pagamento Base) devido à convergência a 100% em 2026 nas áreas de cultivo destinadas à produção de leite”, salienta a APROLEP no comunicado.
Para a associação, os produtores preferiam poder dispensar os subsídios e receber um preço justo pelo leite produzido, mas até que isso aconteça “as ajudas serão essenciais para a sobrevivência do setor”, adverte.
Nesse sentido, a APROLEP “espera que sejam encontradas formas de mitigar a redução das ajudas”, nomeadamente através do reforço substancial do pagamento ligado e da adoção de eco-regimes adaptados ao setor que permitam um futuro mais eficiente e ecológico na produção de leite, compensando os agricultores pelos serviços que prestam na defesa do ambiente e no combate às alterações climáticas.
A produção de leite “não parou este ano, a poluição baixou e ficou demonstrado que a culpa não era das vacas nem dos agricultores”, lembrou a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP).