A situação epidemiológica na região Norte está a começar a “abrandar”, embora na próxima semana a região possa continuar a contabilizar 1.400 internamentos, 300 internamentos em unidades de cuidados intensivos e 40 óbitos diários, indicou um especialista.
Milton Severo, responsável pelas projeções do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), afirmou que, nos “últimos cinco dias, os valores observados [na região Norte] têm sido inferiores aos das previsões”, um “sinal positivo”, demonstrativo de que, “finalmente, a região está a conseguir aplanar” os casos de infeção.
Ainda que a situação epidemiológica aponte para uma “estabilização”, as previsões do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) indicam que na próxima semana a região pode contabilizar 1.400 a 1.500 internamentos nas unidades hospitalares.
“Tivemos uma fase, entre 18 de outubro e 1 de novembro, em que os internamentos duplicavam a cada 11 dias. Nesta fase, estão a duplicar só a cada 60 dias, ou seja, está a diminuir claramente o crescimento”, referiu Milton Severo.
No que aos internamentos em unidades de cuidados intensivos (UCI) concerne, as previsões do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) apontam “para 300 a 340” doentes com o novo coronavírus, que provoca a Covid-19.
Milton Severo afirmou ainda que a região deverá continuar a contabilizar, por dia, 3.000 a 4.000 casos de novas infeções pelo SARS-CoV-2 e 40 óbitos.
“Podemos dizer que estamos num planalto, isto é, que vamos manter estes números, até porque o índice de transmissibilidade [vulgarmente designado R] está a abrandar e ronda os 1.15 a 1.2 na região”, disse.
O ideal “seria, no entanto, que estes valores começassem a descer”, afirmou.
Também Pedro Chamusca, da direção da Associação Portuguesa de Geógrafos (APG) afirmou que os mapas da distribuição geográfica da evolução da pandemia, feitos a partir dos dados da Direção-Geral de Saúde (DGS), mostram que a região está, tendencialmente, a começar a “atenuar” a situação epidemiológica.
“Há sinais de que estamos a conseguir atenuar os efeitos nos territórios com mais exposição. A tendência, agora, é começarmos a atenuar a situação a duas velocidades”, disse.
De acordo com o responsável, nos territórios com menos indústria e necessidade de deslocações “a diminuição será mais rápida”.
Para Pedro Chamusca, também investigador na Universidade de Aveiro, a “incidência não vai para valores razoáveis que permitam o aliviar de quaisquer medidas”.
“Parece-me mais complicado inverter a tendência nos concelhos que têm uma grande exposição e forte atividade industrial”, disse, considerando que estes territórios deveriam ser vistos “à lupa” por forma a encontrar “soluções para diminuir o número de casos”.
Portugal está em Estado de Emergência desde 9 de novembro e até 8 de dezembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado.