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Utentes criticam metros “à pinha” e autocarros “lotados” nos transportes públicos do Porto

24 Setembro 2020
Utentes criticam metros “à pinha” e autocarros “lotados” nos transportes públicos do Porto
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Metros “à pinha” nas horas de ponta e autocarros que “nem param porque seguem lotados” são os relatos dos utentes dos transportes públicos do Grande Porto, que pedem reforço de veículos e fiscalização, mas também apontam o dedo entre si.
“Sem ser nas horas de ponta, os transportes não estão muito preenchidos, mas nas horas de ponta é perigoso. Ontem [terça feira] deixei passar três autocarros. Algumas pessoas fazem distanciamento. Mas reparo que os mais idosos mostram menos preocupação”, descreve Pedro Pinto.
O jovem de 20 anos regressou esta semana às aulas na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e falou junto à estação de metro de Carolina Michaelis, cerca das 13 horas, quando começaram a chegar dezenas de alunos do secundário acabados de sair das aulas.
A descrição repete-se junto à Casa da Música, numa estação muito utilizada para transbordos entre metro e autocarro, por Jorge Santos que, após utilizar a Linha C, de ligação entre a Maia e o centro do Porto, se serve deste interface para apanhar as carreiras 208 e 507 da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) que o levam à fisioterapia e às consultas médicas.
Conta que já deixou de entrar nos autocarros porque o motorista não parou por ter a viatura lotada.
“O metro é de 15 em 15 [minutos]. Estou contente. Já os autocarros é uma vergonha. A STCP dizia que ia reforçar as linhas, mas só daqui a 38 minutos é que tenho autocarro e aquela senhora está à espera há 30. Não há distanciamento. Não entendo porque é que o Governo não permite pessoas nos estádios e no futebol, enquanto o metro vem à pinha e nos autocarros as pessoas vão em cima das outras”, lamenta.
No mesmo local, de máscara e afastada dos restantes utentes, Miriam Costa, faz diariamente o percurso entre Canidelo, em Vila Nova de Gaia, e Senhora da Hora, em Matosinhos, tendo de recorrer a “pelo menos” um autocarro ou camioneta e ao metro, e diz sentir “pouca segurança” quando apanha transportes entre as 8 e 8:30 horas.
“Os metros chegam a abarrotar e os autocarros também. Mas também já assisti a um motorista de autocarro a dizer que não entrava mais ninguém porque tinha atingido a lotação. Sinto que vamos como sardinhas enlatadas, o que é horrível em momento de pandemia [Covid-19]. Podiam disponibilizar gel desinfetante à entrada [do autocarro] porque tocamos todos nas mesmas coisas. Não vejo os passageiros a desinfetar as mãos. Eu desinfeto porque tenho medo”, conta a estudante universitária.
Enquanto desce a escadaria da estação de bicicleta em punho, para viajar até à Póvoa de Varzim, Chayene Rodrigues explica ter optado por “fazer a viagem fora das horas de ponta para evitar ajuntamentos”.
“Os transportes estão mais cheios no Porto, mas depois da Senhora da Hora é mais tranquilo e sinto-me segura. [Defendo] mais fiscalização e que controlem a entrada das pessoas nas estações. Já presenciei pessoas a pedirem a outras para usarem a máscara”, aponta.
O cenário de passageiros a circular com máscara colocada no rosto, nem sempre a cobrir o nariz, e de pessoas sentadas à espera de transportes nas paragens de autocarro e nas estações de metro, quase nunca sem guardarem entre si distância social, repete-se na Trindade, onde se cruzam linhas e carreiras que seguem para vários concelhos do Grande Porto.
A STCP diz que tem registado, “pontualmente e em algumas linhas, níveis de procura nas horas de ponta já próximos dos novos limites de lotação dos veículos [dois terços da capacidade]”.
A STCP refere ainda ter “em curso a preparação de soluções para o possível reforço de algumas linhas”.
“A STCP pede, inclusive, a todos os seus clientes, em especial aos mais idosos, que evitem deslocações nas horas de ponta”, lê-se na resposta da empresa.
Também a Metro do Porto admitiu que tem verificado “um gradual aumento da procura em todas as linhas e em todos os períodos horários, mas sem casos de lotação superior a dois terços da capacidade”.
Fonte da empresa apontou, ainda, que foi colocado em prática a 14 de setembro “um reforço da operação” para que “todas as viagens sejam efetuadas em veículos duplos, em todas as linhas, entre as 07:00 e as 20:00”.
“Para além de uma maior capacidade, temos também frequências melhoradas, sobretudo nas linhas Amarela, Azul e Laranja. Estão também a decorrer os trabalhos de adaptação de 15 veículos Eurotram à configuração com bancos laterais – aumentando a capacidade destes em 10%”, acrescentou ainda a empresa Metro do Porto.