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Cerca de 200 pessoas pediram em Gondomar o regresso da gestão da água à Câmara Municipal

22 Setembro 2020
Cerca de 200 pessoas pediram em Gondomar o regresso da gestão da água à Câmara Municipal
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Cerca de 200 pessoas manifestaram-se em Gondomar contra o tarifário da água praticado pela empresa Águas de Gondomar, gritando que “a fatura da água é de assustar” e exigindo a “reversão da concessão”.
Criado em maio, o movimento cívico que quer alterar os preços da tarifa da água no concelho foi para a rua manifestando o seu descontentamento num percurso entre a Câmara Municipal e a empresa Águas de Gondomar, dessa forma assinalando as duas entidades por quem, reiteram, deve passar a solução para o problema.
O porta-voz do movimento, João Pedro Brás, justificou a manifestação pelo facto de que nas reuniões havidas com a Câmara de Gondomar [em julho] e com as Águas de Gondomar [em setembro] não lhes ter sido “dado qualquer apoio para minimizar esta situação”.
“As pessoas estão preocupadas, principalmente nesta altura de pandemia em que os rendimentos diminuíram e as faturas parece que continuam a aumentar. Temos situações de faturas de agregados familiares de quatro pessoas de 100 e 150 euros e mais”, denunciou João Pedro Brás.
Marta Macedo foi mais longe e acrescentou que “por iniciativa das Águas de Gondomar não haverá alteração do tarifário” de uma concessão acordada em 2001 pelo então presidente da autarquia, Valentim Loureiro, e válida até 2031.
“Ficou claro nessa reunião que terá de partir da câmara qualquer alteração ao que está em vigor, mas também nos foi dito que, a haver, isso terá repercussões no contrato de concessão e, como tal, havia lugar a ressarcimento à empresa concessionária”, disse a também responsável do movimento.
Sobre os valores de uma eventual reversão, Marta Macedo disse que questionaram a câmara sobre isso e que quiseram “saber se haveria algum estudo efetuado pela autarquia para avaliar o custo da reversão da concessão” e que na autarquia lhes foi dito que não.
“O contrato de concessão é de 2001, mas ele já foi renegociado pelo atual executivo”, assinalou a responsável do movimento, assinalando que “as negociações podem e devem continuar em nome dos munícipes de Gondomar”.
Da reunião em julho com o presidente da câmara, Marco Martins, saiu também a possibilidade de formação de uma “comissão de supervisão destinada a acompanhar a atividade da empresa concessionária”, mas com Marta Macedo a frisar que a comissão “é apenas um e não o ponto fulcral da luta”.
“A nossa luta prende-se com a redução efetiva dos tarifários em vigor em Gondomar ao nível da água, do saneamento e dos resíduos. E para isso não há resposta de nenhuma das entidades”, recordou Marta Macedo.
Antes do início do desfile, outro dos responsáveis do movimento, Alberto Cunha, fez uma resenha da atividade do movimento desde a sua criação em maio, lamentando que “em Gondomar a água custe mais 30 ou 40% que no Porto”.
Num quadro comparativo sobre a taxa de disponibilidade, verifica-se que em Gondomar é de 6,1733 euros, bem acima dos valores praticados no Porto (3,4684), Vila Nova de Gaia (4,000), Maia (não tem) e Matosinhos (5,8393).
Passando ao custo por escalão, em Gondomar, entre os 0 a 5 metros cúbicos, que corresponde ao primeiro escalão, é cobrado 0,7123 euros, enquanto no segundo escalão, entre os 5 a 15m3, sobe para 1,6146 euros e para os 3,0865 euros no terceiro escalão, entre 15 a 25m3. Fazendo a comparação, os restantes concelhos cobram entre menos 0,1923 e menos 1,2436 euros.
Os manifestantes, de máscara e guardando o distanciamento social, cumpriram depois os cerca de 200 metros entre a câmara e a empresa concessionária repetindo palavras de ordem como “reverter a concessão é a melhor decisão”.