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Estudo diz que pandemia de Covid-19 aumenta fosso das desigualdades sociais em Portugal

13 Maio 2020
Estudo diz que pandemia de Covid-19 aumenta fosso das desigualdades sociais em Portugal
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As desigualdades sociais em Portugal agravaram-se por causa do novo coronavírus, segundo o Barómetro Covid-19 da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), que revela que os cidadãos com menos recursos financeiros e menos escolaridade são os mais afetados.
“Os últimos dados do Barómetro Covid-19 mostraram como a pandemia não afeta todos por igual. Agora as respostas dos portugueses ao Opinião Social vêm demonstrar como a Covid-19 está a contribuir para aumentar o fosso das desigualdades”, realçou em comunicado a entidade, especificando que as respostas foram recolhidas entre os dias 21 de março e 17 de abril.
Segundo o estudo, as pessoas que ganham menos de 650 euros mensais reportam até quatro vezes mais dificuldade em adquirir máscaras por estas serem caras, e as pessoas com menor escolaridade são as que mais referem não saber, ou não se terem informado sobre como utilizar as máscaras protetoras.
“Pessoas com baixos rendimentos e baixa escolaridade são as que mais reportam ter dificuldades em comprar máscaras e em utilizá-las adequadamente. Simultaneamente, é este o grupo que mais precisa de sair para exercer a sua atividade profissional”, realçou a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), da Universidade Nova de Lisboa.
Já Sónia Dias, coordenadora científica deste estudo, sublinhou que os resultados “são ainda mais inquietantes” quando se observa que quem tem de se deslocar para o local de trabalho tem maior exposição ao risco de contrair a doença.
Ainda em relação ao conhecimento sobre como utilizar as máscaras, o estudo indicou que são duas vezes mais os homens que dizem não as saber usar, comparativamente com as mulheres. E que 43% da população usa máscara protetora somente em determinadas situações, enquanto 51% usa-a sempre que sai de casa.
Dos que referem nunca usar máscara, um em cada 10 idosos assume não usar máscara protetora, e são os homens que referem nunca usar, nomeadamente duas vezes mais do que as mulheres.
Da amostra de inquiridos cujo rendimento mensal é inferior a 650 euros, dois em cada três referem tê-lo perdido durante a crise da Covid-19, e um em cada dois jovens com idade entre os 16 e os 25 anos reporta ter perdido rendimento, bem como metade dos que têm até ao 9.º ano de escolaridade.
Por isso, a entidade destacou que “a crise da Covid-19 está a afetar desproporcionadamente os mais vulneráveis”, não só financeiramente, mas também em termos de baixa escolaridade.
“Os dados mostram-nos que são as pessoas menos escolarizadas que poderão estar mais expostas: 76% das pessoas com até ao 9.º ano de escolaridade tem de ir para o local de trabalho, enquanto esta proporção desce para 26% nas pessoas com ensino superior”, salientou Sónia Dias.
Segundo o barómetro, a nível nacional, é no Algarve que se verifica a maior proporção de pessoas que perderam rendimentos (57%), e de pessoas que suspenderam a atividade profissional (30%).