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Ex-ciclista poveiro vencedor da Volta a Portugal Manuel Zeferino espera regresso dos ‘granfondos’

7 Abril 2020
Ex-ciclista poveiro vencedor da Volta a Portugal Manuel Zeferino espera regresso dos ‘granfondos’
Desporto
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Os entusiastas do ciclismo aguardam pelo arranque da época de ‘granfondos’, provas amadoras de longa distância de estrada, em plena interrupção competitiva motivada pela pandemia da Covid-19.
“Ansiamos que isto passe rapidamente, porque esta variante do ciclismo é aberta a todos, está muito enquadrada no turismo desportivo e de lazer e pode trazer uma grande perda. Da organização aos participantes, passando pela restauração e pelo comércio local, todos sofremos com esta tragédia”, reconheceu Manuel Zeferino, antigo ciclista de FC Porto, Sporting ou Boavista, responsável pela Bikeservice.
Sediada na Póvoa de Varzim, onde nasceu um dos mais vitoriosos diretores desportivos do ciclismo profissional luso, a empresa promove os cinco granfondos “mais participativos do país”, repartidos por Douro, Gerês, Bragança, Montemuro e Monção e Melgaço.
“Neste momento, ainda não cancelámos nada. Adiámos o Montemuro Granfondo para 4 de outubro [seria realizado no domingo] e o Douro Granfondo para 18 do mesmo mês [estava previsto para 3 de maio], esperando que nessa altura a situação esteja normalizada”, indicou o vencedor da Volta a Portugal em 1981.
A prorrogação das duas provas de abertura da época de ‘endurance’, com partida e chegada em Cinfães e no Peso da Régua, respetivamente, encaixam na suspensão global até 31 de maio decretada pela Federação Portuguesa de Ciclismo.
“Vivemos das inscrições dos participantes e temos apoios de algumas cidades por onde passamos, o que nos leva a controlar um pouco as despesas para que haja dinheiro para gastar. Basta dizer que um evento como o Douro Granfondo custa mais de 100.000 euros para um único dia de competição”, ilustrou.
Apelidado de “jóia da coroa” e com passagens pelos concelhos de Mesão Frio, Resende, Armamar, Tabuaço, Alijó e Sabrosa, a prova nortenha caminhava para a repetição da fasquia máxima de 3.000 participantes, com 600 atletas provenientes de 20 países.
“A Europa traz muita gente pelo nome e pelo turismo ativo da região do Douro. Temos 2.200 inscritos e cancelámos as inscrições há três semanas, para respeitar o Estado de Emergência e dar tempo às pessoas de se adaptarem à nova data. Reabriremos dentro de 15 dias, na expectativa de atingir a marca dos 3.000 como é costume”, apontou.
A organização logística da Bikeservice comporta uma estrutura fixa de 150 pessoas e lida com 400 a 500 voluntários oriundos das cidades associadas a cada evento, prevendo impactos financeiros “enormes e transversais” com a propagação do novo coronavírus.
“Na prova do Douro, por exemplo, há pessoas que vêm do sul do país ou do estrangeiro e ficam a dormir a 50 ou 60 quilómetros da Régua, porque o alojamento naquela região é meramente insuficiente. No ano passado, já tinham reservado as datas para este ano, mas acabaram por cancelar todos os hotéis com este adiamento”, explicou.
Intactos permanecem os trilhos em Monção e Melgaço, em 20 de setembro, bem como a derradeira etapa em Bragança, em 8 de novembro, ao invés do certame no Gerês, cuja calendarização programada para 7 de junho está “no fio da navalha”.
“Os ‘granfondos’ não fogem à regra do adiamento das grandes competições internacionais e não podemos tomar grandes medidas. Muito poucos podem treinar na rua e alguns limitam-se a fazer rolos em casa. Resta-nos esperar que todos se libertem de casa para andar de bicicleta e participar nestes eventos acompanhados da família”, projetou.
O negócio de Manuel Zeferino, de 59 anos, reúne ainda a gestão de duas provas de atletismo e outras tantas de ciclismo de montanha, sendo que a Corrida dos Reis (4 de janeiro) e o Raid das Masseiras (2 de fevereiro) já foram concretizados em 2020.