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Valter Hugo Mãe apresenta coleção de poesia no Correntes d’Escritas na Póvoa de Varzim

18 Fevereiro 2019
Valter Hugo Mãe apresenta coleção de poesia no Correntes d’Escritas na Póvoa de Varzim
Cultura
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O escritor Valter Hugo Mãe vai inaugurar a coleção de poesia “Elogio da Sombra”, com os autores José Rui Teixeira, Isabel de Sá, Andreia C. Faria e Luís Costa.
“Estamos a viver um tempo particularmente feliz na poesia portuguesa. De 2010 para cá, há um conjunto de autores e sobretudo mulheres que têm estreado e criado opulência nestes anos, que me parece poder anunciar uma das mais interessantes gerações da poesia portuguesa de sempre”, afirmou o escritor Valter Hugo Mãe, sobre a chegada às livrarias, no próximo dia 23 de fevereiro, da coleção que dirige.
Os quatro títulos que vão ser editados são “Autópsia [poesia reunida]”, de José Rui Teixeira, livro que reúne os dois ciclos de seis anos de trabalho do teólogo e poeta portuense: “Diáspora” e “Antípoda”, antecedidos por cinco inéditos de “Eclipse”, de 2018. Esta antologia conta ainda com textos do escritor Rui Nunes e da poetisa espanhola Miriam Reyes.
O segundo título, “O Real Arrasa Tudo”, de Isabel de Sá, poeta e artista plástica, reúne num volume 15 anos de trabalho da autora que a &etc revelou em 1979, com “EsquizoFrenia”, e que viria a ser publicada sobretudo ao longo das décadas de 1980 e 1990 por editoras como a Fenda, a Frenesi, a Rolim e a Ulmeiro, com títulos como “Desejo ou Água Leve”, “Restos de Infantas”, “Autismo”, “Em Nome do Corpo”, “Restos de Infantas”, e de quem a antiga Quasi reuniu a poesia num só volume, sob o título “Repetir o Poema” (2005).
O terceiro título é “Alegria para o Fim do Mundo”, de Andreia C. Faria, que no ano passado venceu o Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores para Melhor Livro de Poesia, com a obra “Tão Bela Como Qualquer Rapaz”.
O quarto livro da coleção é do estreante Luís Costa, “Amar o Tempo das Grandes Maldições”, que Valter Hugo Mãe apontou como “uma estreia madura, ponderada e de poemas ao centro absoluto da existência”.
“Estes quatro livros criam um certo panorama, um certo ecletismo, dos autores mais novos aos mais velhos, de autores mais clássicos como a Isabel de Sá a autores absolutamente contemporâneos como a Andreia C. Faria, ou a estreia de obras. Estes quatros livros acabam por constituir um manifesto, dizendo que esta coleção é para isto… é para integrar os mais velhos, abrir a porta aos mais novos, para todo o tipo de estéticas, e de sensibilidades”, sentenciou Valter Hugo Mãe.
Questionado sobre se há um interesse crescente pela poesia, que habitualmente é apontada pelos editores como vendendo pouco, Hugo Mãe argumentou: “medimos as nossas paixões por sucessos puramente íntimos, somos cidadãos bem-sucedidos se tivermos o amor de duas ou três pessoas, de um filho ou de uma companheira, e a poesia, para mim, está neste reduto de intimidade e não precisa de ter a pretensão de chegar a muita gente”.
A poesia, disse Valter Hugo Mãe, “é um modo profundo, intenso, talvez mais verdadeiro de comunicar, e que sabemos vai dizer respeito a um núcleo restrito, e por isso um grande sucesso na poesia pode dizer respeito a 200 ou 300 exemplares vendidos”.
A coleção, ao mesmo tempo, vem ao encontro do desejo que Valter Hugo Mãe “tinha de voltar a editar”.
“Depois de termos sido editores não conseguimos intimamente deixar de o ser”, disse Valter Hugo Mãe referindo a sua experiência na extinta Quasi Edições, referindo o interesse pela descoberta dos textos “e até na decisão da imagem do objeto, a escolha do papel a capa…”.
Quanto à continuidade da coleção, vai contar, para já, com os quatro volumes da Obra Completa de Artur Cruzeiro Seixas, autor com 98 anos, artista plástico e escritor, um dos nomes centrais do surrealismo português.
De acordo com o editor, prevê-se a edição de oito a dez livros por ano.
Valter Hugo Mãe garantiu que “estará sempre presente” na coleção, até como tradutor, mas a sua própria poesia “passará por outros lugares”.
A apresentação da coleção de Valter Hugo Mãe “Elogio da Sombra” e das suas primeiras quatro obras realiza-se no próximo dia 23 de fevereiro, no âmbito do festival Correntes d’Escritas, que decorre na Póvoa de Varzim.