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Vilacondense Ester Alves calcorreia o Mundo

25 Março 2017
Vilacondense Ester Alves calcorreia o Mundo
Desporto
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Ester Alves é natural de Vila do Conde e investigadora na Faculdade de Medicina da cidade do Porto e tem ADN de campeã. Esta atleta polivalente começou o seu percurso desportivo no remo, onde integrou a Seleção Nacional e saiu vencedora em diversas provas, mas foi no ciclismo, onde representou Portugal várias vezes em provas internacionais, que efetivamente se afirmou.
A mais recente paixão de Ester Alves é o Trail, que nasceu pela mão de um amigo que a desafiou a participar no Ultra Trail dos Amigos da Montanha, em Valongo, no ano de 2011, e é através dele que calcorreia e conquista o Mundo. Desde então não parou de crescer na modalidade, atingindo o seu auge ao ser a 8.ª atleta feminina a cortar a meta do Ultra Trail du Mont Blanc (UTMB), prova com 168 quilómetros de distância.
Ester Alves possui um longo percurso desportivo, que começou no remo, em 2002, passou pelo ciclismo e, agora, tem na corrida de montanha, desde 2013, o principal foco. Em 2014 fez três provas do Circuito Mundial de Ultra Trail, tendo sido a primeira portuguesa a terminar o Ultra Trail du Mont Blanc, a prova rainha da modalidade.
Quem vê Ester Alves, formada em Biologia, de bata branca, no laboratório da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, onde trabalha na tese de doutoramento sobre “o papel das catecolaminas na memória a curto e a longo prazo”, dificilmente imagina estar perante a melhor atleta portuguesa de Trail Running e uma das 10 melhores do Mundo. A maioria das pessoas que convive com Ester Alves nas instalações do Centro Hospitalar de São João, no Porto, só recentemente começou a aperceber-se quem é, realmente, a investigadora que se desloca diariamente de bicicleta para o local de trabalho, logo depois de um treino. Normalmente faz um treino de corrida entre as seis e as oito da manhã e chega à Faculdade pelas nove ou dez horas.
Ester Alves aproveita, por vezes, ainda, a hora de almoço, durante a semana de trabalho no laboratório, para fazer mais uma corrida, na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, e quando tem uma manhã livre faz um treino longo de bicicleta.
A paixão pelo desporto começou bem longe das encostas das montanhas, que agora percorre em passo acelerado. “Comecei no desporto federado em 2002, no remo. Tinha 22 anos, estava a terminar a faculdade e cativou-me ver os jovens a correr”, lembra Ester Alves. “Vivia em Vila do Conde e representava o Clube Fluvial Vilacondense” e durante quatro anos venceu várias provas e integrou regularmente a Seleção Nacional, chegando a disputar um campeonato do mundo.
O ciclismo apareceu na vida de Ester Alves por acaso: “um dia, ia para o treino de remo de bicicleta quando um carro de uma equipa de ciclismo parou e perguntaram-me se queria fazer parte da equipa. Fiz a primeira prova e gostei, apesar de ter caído”, salienta.
O hábito de treinar muitas horas no remo facilitou a mudança de modalidade para o ciclismo. Em 2008, começou uma nova carreira, igualmente recheada de sucessos, em Portugal e Espanha. Ester Alves “por vezes fazia provas na Galiza e vinha a pedalar para Portugal.”
Dois títulos nacionais de estrada e uma presença nos Mundiais de ciclismo em Mendrisio, Itália, no ano de 2009, a primeira de uma portuguesa depois de Ana Barros na década de 1990, foram os momentos mais destacados das inúmeras presenças de Ester Alves nos mais diversos pódios do ciclismo de alta competição.
Ester Alves vestiu a camisola de várias equipas de ciclismo portuguesas e espanholas, mas se já era difícil conciliar as longas viagens até Espanha, todos os fins de semana, com a atividade de professora no Porto, pois “ia e vinha de Vila do Conde a pedalar para treinar”, o momento em que foi admitida a doutoramento marcou o fim da ligação à formação espanhola Lointek, do País Basco.
Ester Alves ainda regressou a Portugal para correr pelo CDC Navais, equipa da vizinha cidade da Póvoa de Varzim, mas um feliz acaso, há quatro anos, deu origem à paixão atual: “um amigo meu, que é médico no Hospital de Santo António, convidou-me para fazer um treino de Trail em Valongo e foi vício à primeira vista”, confessou a atleta que está entre as 10 melhores da elite feminina do Trail mundial.
“Nunca deixei o ciclismo completamente, mas passou a ser um complemento. Serve para recuperar após as provas, para poupar as articulações e ganhar a massa muscular perdida em corridas longas”, salienta Ester Alves.
Ester Alves diz que “não é fácil conciliar a alta competição no desporto com o alto rendimento nos estudos”, “mas se tivesse que tomar uma decisão, ou preto ou branco, era a área do Doutoramento que escolhia”.
Ester Alves frisa que o Trail é um dos desportos mais acessíveis a todos, mas “fazer três provas do Circuito Mundial custa três mil euros, apenas em deslocação e inscrições, sem incluir o alojamento”.
E se quando Ester Alves começou nas corridas de montanha o objetivo era “contornar os obstáculos que iam aparecendo e chegar ao fim”, atualmente as coisas são bem diferentes e “agora o objetivo é ganhar”.
Ester Alves calcorreou durante os últimos 4 anos, entre outras provas, o Coastal Challenge, na Costa Rica, a TransGrancanaria, em Espanha, a Madeira Island Ultra Trail, em Portugal, a TransVulcania, em Espanha, o Lavaredo Ultra Trail, em Itália, o Ultra Trail do Monte Branco, nos Alpes, que atravessa França, Itália e Suíça, a Marató del Dements, em Espanha, o FalcoTrail, em Espanha, o Grande Trail da Serra D’Arga, o Trail da Lousã e os Trilhos dos Abutres, em Portugal, e está, neste momento, a preparar a Maratona das Areias, em Marrocos.