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Vá ao Porto ver Miró

11 Novembro 2016
Vá ao Porto ver Miró
Opinião
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Desta vez o euro milhões ficou na cidade do Porto. As pinturas de Juan Miró são a sorte grande que o Porto merece. A cidade Invicta tem património de excelência que os séculos passados lhe concederam. Vaidosa e agradecida, a cidade guarda o Coração d’El rei D. Pedro (1798-1834), primeiro Imperador do Brasil. Afeição suprema desse monarca que deixou o Brasil comer seu corpo, mas o coração ficaria para a cidade que tinha no coração e que agora o guarda, emparedado, na Igreja da Lapa. Outra jóia guardada nos cofres da Câmara Municipal do Porto é o Violoncelo estradivário, avaliado em milhões e cobiçado por todos os museus do mundo. Esta peça pertencia a uma célebre violoncelista, a senhora Guilhermina Suggia que à sua morte a deixou à sua cidade, onde tinha nascido e onde morreu em 1950.
Juan Miró (1893-1983) é pintor, desenhador, escultor e ceramista. É um artista inteiro com carreira que atravessa o planeta das artes. É um Surrealista e a sua obra revela um universo muito pessoal, onde se manifesta uma fantasia desenfreada. A sua produção supera as últimas barreiras que impediam a total espontaneidade de expressão. O movimento Surrealista é uma curiosa afirmação de “desordem”, de “vingança” e de arte sem aspas. O Surrealismo baseia-se na crença, na superioridade de certas formas de associação, até agora ignoradas, na omnipotência dos sonhos e no jogo desinteressado do pensamento. (in “História da arte universal” – Publicações alfa). Na história da arte, tudo é herança e consequência. O movimento Surrealista vem directamente do movimento artístico anterior, Dada. O primeiro manifesto do Surrealismo, assinado em 1942 por um conjunto de artistas ex-Dadaístas, ditou a “sentença” da independência desta escola artística: pensamento livre de todo o travão racional, moral ou estético; confiança nos automatismos psíquicos; valorização do subconsciente e no poder do sonho.
Vamos ao Porto ver Miró. À casa de Serralves, onde a colecção encontrou seu poiso e morada definitiva.

Pe. Bártolo Pereira