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Do 8 ao 80…

19 Outubro 2016
Do 8 ao 80…
Opinião
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O Rio Ave tem esta época vindo a sofrer de grandes oscilações exibicionais e consequentemente, nos seus adeptos oscila também bastante a crença e confiança na equipa. Esquecendo os jogos de pré-temporada, aos quais dou pouca importância, independentemente dos bons ou maus resultados, um empate e uma grande exibição em Praga na primeira mão da 3.ª pré-eliminatória da Liga Europa, com um novo sistema táctico, deixou nos adeptos perspectivas de mais uma grande época do nosso Clube. Uma derrota natural na primeira jornada com o F.C. Porto para o campeonato e a eliminação da Liga Europa com um empate a empate a uma bola sensaborão na mesma semana, colocaram as expectativas em baixo, até porque o calendário das primeiras jornadas não se afigurava nada fácil. No entanto, um empate em Braga consentido já nos descontos e 3 vitórias consecutivas, frente ao Feirense também nos descontos, na Madeira frente ao Marítimo e principalmente em casa contra o Sporting com uma grande exibição, voltaram a inverter as expectativas. Estávamos na 5ª jornada empatados no 3º lugar a 3 pontos do primeiro. Algo pouco previsível no início do campeonato e que colocou o Rio Ave em destaque nos meios de comunicação nacional.
Vinham depois jogos mais acessíveis, mas a equipa parece que se deslumbrou. Em Paços de Ferreira, frente a uma equipa que está uns furos abaixo do que fez nas últimas épocas, perdemos por 2-1 com uma exibição medíocre na primeira parte e muito criticada pelo treinador Capucho, prometendo que não se repetiria. Na semana seguinte, uma exibição mais agradável (também só em 45 minutos), mas o mesmo resultado, desta vez em casa frente ao Estoril. Voltaram as expectativas a ficar nas ruas da amargura e o pessimismo a instalar-se nas hostes rioavistas.
Pausa no campeonato devido a jogo da selecção, nada melhor para a equipa descer à terra e recuperar alguma da humildade que parece ter sido perdida após o jogo com o Sporting. Mas no regresso à competição, houve jogo de Taça, contra o Santa Clara, que apesar de ser de uma divisão inferior e ter tido algumas alterações forçadas na equipa técnica, está a lutar pela subida ao escalão principal e jogava frente ao seu público. Sem transmissão na TV, tivemos que confiar na restante comunicação social e em quem presenciou o jogo ao vivo para sabermos o que se passou. O Rio Ave acabou eliminado nos penaltis, o que não é de todo surpreendente perante as dificuldades que já se previam, mas diz quem viu, e o próprio treinador Capucho, que faltou alguma atitude competitiva à equipa, o que é para mim mais preocupante do que a eliminação em si. Se Capucho tinha criticado a equipa após o jogo de Paços de Ferreira prometendo que não se iria repetir, parece-me que perante a atitude deste último jogo, é legítimo que os rioavistas comecem a duvidar da capacidade dos jogadores e equipa técnica para continuarmos na senda das boas épocas que fizemos nos últimos anos.
O balanço faz-se sempre no final, perante a classificação final ou o percurso nas Taças. Com Nuno Espírito Santo, tivemos um bom primeiro ano no campeonato com um 6º lugar, mas no segundo foi o mérito, mas também alguma sorte nos sorteios das Taças que nos levaram às finais que salvaram a época medíocre no campeonato onde terminámos num 11º lugar. Com Pedro Martins, terminámos a primeira época em 10º lugar mas a lutar pela europa até à penúltima jornada e com uma prestação razoável na nossa primeira presença na Liga Europa, enquanto na época passada conseguimos um brilhante 6.º lugar, tendo em ambas ido longe na Taça de Portugal.
Capucho já deixou fugir a Liga Europa e a Taça de Portugal. Na Taça da Liga, não se adivinha fácil a recepção ao Chaves. Temos ainda muito campeonato pela frente e estou confiante que temos capacidade por lutar pelo apuramento para a Liga Europa até ao fim mas esta é claramente, nas últimas 4 épocas, a fase de maior pressão e descrença dos rioavistas na capacidade da equipa. António da Silva Campos tem mantido noutras mini-crises, a confiança na continuidade das equipas técnicas até final da época. No futebol no entanto nada é certo e só quem lá está dentro poderá saber se as palavras de Capucho servirão para espicaçar a equipa ou por outro lado se não assumindo ele parte das culpas, poderá começar a perder o balneário.
Como é que se ultrapassa isto? Com vitórias. Um bom resultado em Moreira de Cónegos na próxima jornada e uma vitória sobre o V. Guimarães em casa na jornada seguinte voltarão a dar aos rioavistas a confiança de podermos fazer um bom campeonato, apesar do que já deixámos fugir. Por isso é que estarei em Moreira de Cónegos, com a mesma confiança de sempre, porque quero voltar a passar do 8 para o 80.

Renato Sousa