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Um rio, um porto e uma barra

29 Abril 2016
Um rio, um porto e uma barra
Opinião
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O rio Ave “adoeceu” gravemente, há mais de 500 anos, quando as freiras de Santa Clara se lembraram de construir, tão próximo da barra, um açude, impedindo as correntes do rio levarem, barra fora, os materiais de aluvião.
As barcaças, carregadas de cal para queimar, subiam o rio até Bagunte, deixaram de poder fazer a partir do momento que o primeiro açude foi construído, e, daí toda e qualquer embarcação.
Se, nos dias de hoje, subirmos o Rio Ave até Fornelo e subirmos, também pelo Rio Este, até Arcos, encontramos o freixo, o salgueiro, o amieiro e o choupo, árvores que sempre estiveram presentes e fizeram parte da paisagem do Ave.
Mas, se marginarmos o Ave até ao lugar de Azevedo, que dista 15 Km da foz, em antítese à vegetação, os peixes que neste rio existiam como o sável, o salmão e a lampreia, só nos resta a lembrança.
O “Castro”, local onde mais tarde se edificou o majestoso Convento de Santa Clara, só era acessível pelo norte, que na altura da praia-mar, daria uma imagem da bacia do Ave, deveras deslumbrante.
Por todos os outros lados era defendido pelas águas do Ave; do lado ocidental, as águas iam até Santo Amaro, de onde se vigiava a costa marítima, assim como os terrenos que circundavam a Rua 5 de Outubro, a Praça da República, os fundos da Rua do Lidador, terrenos do Carmo até à doca, tudo era avassalado pelo rio.
Não queremos grandes navios, queremos, sim, muitas embarcações a aportar o nosso Ave, queremos um rio com peixe como noutros tempos, o salmão, o sável e a lampreia e queremos um rio, onde os passeios fluviais e o turismo rural sejam uma realidade turística nesta Princesa do Ave.
O vilacondense, mesmo aquele que na tenra idade tenha partido para terras distantes, tem na sua Vila do Conde a “Pátria sempre querida e nunca esquecida, por isso, assim saibamos nós melhorar e engrandecer esta nossa “Rainha”, honrando os nossos antepassados e deixando orgulhosos os presentes e os vindouros.
Assim espero e desejo que os nossos políticos tenham a ambição de querer o melhor para esta “fidalga, hospitaleira e linda” Vila do Conde.

Artur Bonfim