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Socialismo versus Utilitarismo – Puritanismo

5 Fevereiro 2016
Socialismo versus Utilitarismo – Puritanismo
Opinião
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François Mitterrand (1916-1996), que nasceu há um século, foi um estadista que merece opinião. Saltou do centrismo político para a esquerda e só quando se separou do comunismo é que venceu as eleições presidenciais em 1981, numa oposição constante a Charles de Gaulle. O seu perfil político e homem de governação fazem dele “un grand Seigneur”. Nas relações externas não se deixou aprisionar por fobias esquerdistas, aliando-se a Helmut Kohl na responsabilidade da criação da União Europeia. Politicamente destemido e audaz, socialmente sensível e próximo, levou a cabo um programa de nacionalização das instituições financeiras como suporte de crescimento industrial e, desse modo, de conquistas e benefícios sociais. A Europa nos finais do século XIX e princípios do século XX dá muitas voltas: a vida social e política, as transformações económicas, a sociedade que se urbaniza, as reivindicações operárias e o movimento sindical, são tudo ingredientes duma revolução com profundas mudanças num espaço de apenas um século.
As correntes que deram origem aos ideais socialistas, a priori, atribuem-se ao Conde Saint-Simon (1760-1825). Este nobre e liberal personagem, imbuído pelo espirito do Império das Luzes, foi um defensor do progresso industrial, podendo dar o seu contributo à sociedade, desde que posto ao serviço de todos. (História do século XIX – Serge Berstein). A França depressa assumiu as ideias “saint-simonianas” e muitos pensadores, como Mitterrand, contribuíram para o progresso da comunidade, dentro de um quadro democrático, onde os ímpetos agressivos da competição selvagem e as afrontas inter-partidárias ou os excessos anárquicos foram domesticados. As economias orientam-se por ideais dos mais variados quadrantes, mas facilmente se deixam prostituir por radicalismos doutrinários. François Mitterrand governou a França durante 14 anos, livrando-a de duas armadilhas da herança Americana: o Utilitarismo que regula o comportamento, apenas orientado pela satisfação de indivíduos que asseguram os seus interesses. E do Puritanismo que acciona o “favor divino” como freio moral mo bom desenvolvimento das economias.

Pe. Bártolo Pereira