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Com os pés nas nuvens!

17 Fevereiro 2016
Com os pés nas nuvens!
Opinião
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Quando nascemos são-nos concedidas 700 mil horas de vida, assumindo a esperança média de vida dos Portugueses que, neste momento, ronda os 80 anos. Com os meus 25 anos já usei 228 mil horas de vida do Plafond. Já passou 32,5% da minha vida terrena, conforme as “escrituras”. Até assusta! Mas o que verdadeiramente me preocupa é a forma como usamos estas horas que nos são oferecidas para deixarmos a Terra e vivermos na Nuvem. Hoje entramos nas redes sociais ao acordar, fazemos as pausas da manhã, do almoço, do lanche, do antes e pós-jantar e trocamos as voltas ao Vitinho. Sim, nas redes sociais, quantas mais melhor. Se estivermos 2 horas/dia na Nuvem durante 10 anos, gastaremos 7300 horas, equivalente a 304 dias da nossa vida. Temos que parar com esta brincadeira de andarmos neste mundo meramente virtual e desinformado. A maioria da informação disponível nas redes sociais é falsa. É anti-informação. É lixo de conteúdo e desperdício de horas de vida. O Marketing é culpado efetivamente por ter conseguido entrar à bruta no sistema cerebral límbico do consumidor e mudar completamente os seus padrões sem este ter noção do que estava a fazer. Isto é talento! Mas as equipas de marketing só fazem o que nós pedimos. Se nós queremos, eles oferecem! Mas será que queremos esta vida? Será que não foram eles que fizeram com o que nós quiséssemos? Se vendessem o produto/serviço Facebook com este slogan: “Queres aderir a uma rede social em que não pagas acesso, serão retiradas 2 horas do teu dia sem dares conta passando a ter 22 horas, o funcionamento do teu cérebro será fortemente afectado (a título de exemplo, aceder ao Facebook antes de dormir provoca graves complicações no sono a médio e longo prazo) e ainda vais ter menos tempo para partilhar a tua vida terrena com outros seres, vocês aderiam? Ah, agora já não! Pois é estimados leitores.
Somos uns bonecos no meio disto tudo. E lá no fundo nós até somos “inteligentes”, ou capazes de perceber isto, mas falta-nos aquele abanão e preferimos as ilusões, por norma.
Estas opções são totalmente voluntárias mas inconscientes, daí a grande magia destes Marketeers.
Faço um esforço diário e gostava que o fizessem também: criar auto controlo de tudo isto. Quando estiveram a “andar na nuvem” já perdidos deste mundo e, de repente, se consciencializarem de qualquer coisa da vida terrena, um barulho, um cheiro, saltem logo fora. Deixem o online. Não entrem nessa “linha”. Controlem-se. Não troquem o vosso habitat natural. Não desperdicem o tempo de vida na terra por tempo morto na nuvem.
Se estão a jantar com uns amigos, aproveitem bem esse momento e deixem o telemóvel “longe”, desliguem os dados. Não coloquem mais pessoas nesse jantar. Se não foram convidados para aquele momento acham justo retirarem tempo dos presentes para os ausentes?
Há uns dias descobri que a rede social mais utilizada no mundo é o Snapchat. Tinha ouvido falar mas não passei cartão. Não ia gastar plafond em mais uma. Mas como temos de saber o que está à nossa volta procurei informação. O Snapchat foi criado como alternativa do Facebook para os jovens. Começou a existir uma necessidade evidente: o Facebook era utilizado por várias gerações e os adolescentes (obviamente!) não admitem partilhar a vida mega secreta com os pais e avós na mesma rede. Surge o Snapchat como rede social que “publica um vídeo que desaparece passado uns segundos e não deixa rasto”. Até provoca picos de adrenalina viver na nuvem. E a necessidade ficou satisfeita.
Daqui a uns anos já não teremos Facebook porque “há-de vir o próximo substituto” mas seremos as mesmas alminhas a andar pela vida terrena. Andam mesmo a brincar com as nossas horas, nossas! E para vivermos nas nuvens teremos muito tempo quando já não estivermos neste planeta.
Somos seres humanos. Não “teres humanos”. E o ser só faz sentido na vida terrena, na consciencialização de que, geralmente, temos os cinco sentidos ativos. Ter Facebook, Twitter, LinkedIn e Pinterest e não Ser porra nenhuma, não obrigada!

Ana Rita Costa