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«José Mourinho vem para o FC Porto!»

28 Janeiro 2016
«José Mourinho vem para o FC Porto!»
Opinião
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As redes sociais são uma realidade inultrapassável e constituem um espelho perfeito do tempo actual, onde impera a velocidade e a superficialidade.
O título deste artigo evoca um outro, de uma notícia com… catorze anos! Mas, como a internet é um arquivo infinito e sempre disponível, ela ressuscitou no início de 2016, aquando da saída de Julen Lopetegui. O que aconteceu foi que alguém recuperou a notícia de 2002, republicou-a e ela espalhou-se, ou tornou-se “viral”, como agora se diz. Mais de cem mil pessoas a viram e partilharam, sem repararem na data original, perfeitamente visível, bastando para tal que a leitura tivesse passado para além do título… E o mesmo se passa com outros verdadeiros mortos-vivos, como o arquitecto brasileiro Oscar Nieymaer, Vasco Granja, que “morrem” três ou quatro vezes por ano, apesar de o seu óbito já ter ocorrido há alguns anos ou da vivíssima actriz Fernanda Montenegro que se entretém a morrer e a ressuscitar…
A incultura e a superficialidade são a explicação para o caso. Desde logo, há muita gente a querer parecer mais culta do que o que é, publicando o seu lamento pelo desaparecimento desta ou daquela figura pública quando, se a conhecesse ou estivesse familiarizada com o seu trabalho, imediatamente detectaria o erro. Depois, há ainda o culto da superficialidade. Como referi, bastava aos divulgadores terem passado do título para concluírem que a notícia que estavam a publicar nada tinha de actual. Mas a sofreguidão com que querem fazer circular a “novidade”, impede uma análise minimamente cuidada. E, em vez, de estarem a informar, o que estão a fazer é a desinformar. E se assim acontece em “público”, imagine-se esta metodologia aplicado em “privado”, onde não há barreiras para a crendice, para a superstição, espalhando erros e semeando preconceitos.
Num mundo aparentemente livre, mas verdadeiramente libertino e quase caótico, onde a censura e o controlo de informação não existe nem deve existir, não há outra solução senão sermos os nossos próprios juízes. Há que cumprir serviços mínimos, lendo a informação. Depois, cruzá-la com outras referências para controlar a origem e o conteúdo. A não ser assim, mais vale publicar fotos de comida, de gatinhos felpudos ou pés enfiados na areia.

Pedro Brás Marques