“Re·fu·gi·a·do – Adjectivo e substantivo masculino. Aquele que tomou refúgio, que se refugiou”. Por isso, são refugiados, não migrantes. E qualquer refugiado tem o direito a fugir, migrando, da guerra, da tortura, da opressão e dos crimes hediondos que existem nos seus países de origem e os Estados para onde migram, refugiando-se, têm o dever de os acolher, prestar-lhes todo o auxílio que necessitam, restituir-lhes a dignidade da pessoa humana e a liberdade a que têm direito, uma vez que não a conseguem alcançar no seu país natal.
Muitos dos que fogem das suas nações de origem, refugiando-se em outros estados, são médicos, operários, dentistas, engenheiros, advogados e doutores, com ou sem canudo. São, acima de tudo, pessoas que venderam a totalidade dos seus pertences, já que parte da sua vida lhes foi subtraída, para se porem naqueles barcos, vistos todos os dias nas mais variadas fontes de informação, sujeitando-se a riscos tremendos, mas, ainda assim, menores do que aqueles que correm nas suas Nações. E fazem-no, legitimamente, guiados pelo sonho europeu, com a esperança de uma nova e melhor vida.
Ouço constantemente e vejo muitas mais vezes ainda escrito: “eu não me importo que eles venham, mas e os nossos?”. Não há mas. São refugiados. E nós não temos, ainda, que nos refugiar do que quer que seja, pois se fosse ao contrário, com Portugal em estado de guerra, os Portugueses migravam para se refugiar num outro País qualquer.
E quanto mais vejo e mais ouço, mais sinto orgulho em ser Português, viver em Portugal e cada vez mais vergonha de alguns dos meus compatriotas.
Não estamos, na Europa hodierna, a discutir credos ou religiões. Estamos a debater o princípio da Humanidade e a sua subsistência. E, sim, Portugal tem o dever de acolher quem foge da guerra, como, em tempos, os Portugueses fugiram da miséria e foram acolhidos e bem recebidos.
O meu País tem o dever de acolher os 3074 refugiados, destinados pela proposta comunitária da União Europeia, cumprir a assinatura do Tratado de Schengen, datada de 25 de Junho de 1991, proporcionando-lhes a vida com que sempre sonharam mas que nunca alcançaram.
E quem não concordar, que se refugie.