A conquista de Ceuta em 1415, no contexto da nação Lusa, é um acontecimento relevante da história nacional. Saímos de nós para nos encontrarmos com outros. Faz 600 anos que uma expedição militar, armada até aos dentes, largou de Lisboa, rumo ao norte de África. Foi o ponto de partida da política oficial da expansão ultramarina. O Professor José Hermano Saraiva coloca à cabeça duma análise histórica, este acontecimento como um debate obrigatório a historiografia portuguesa.
Muitas são as efabulações que tentam dar à história razões para nos explicar essa “teimosia” histórico-trágica do nosso Rei D. João I. Ceuta arrastou os apetites da realeza a outras cidades do norte desse negro continente, acabando tudo num completo desastre militar. Os Portugueses destacados para África ficaram todos reféns desse desastre até ao dia em que fomos obrigados a restituir a praça aos antigos senhores, os Mouros. Portugal com a entrega de Ceuta deixou África por tempos porque, o apetite expansionista, ficou lá sepultado na pessoa do Infante D. Fernando, onde morreu prisioneiro.
Sairmos de nós para nos encontrarmos com outros é uma fatalidade histórica que nos acompanha desde as origens. O Professor Lúcio Craveiro fala de quatro pequenos povos que atravessaram os milénios e descarregaram sobre Portugal uma decisiva contribuição cultural. Dos Fenícios veio-nos o espírito de comunicação e a possibilidade de gravar na memória os passos do nosso conhecimento, a escrita. Dos Gregos, a racionalidade na valência do pensamento do homem como ser inteligente. Dos Israelitas, a transcendência, a luz e o caminho para o infinito sublime. Das conquistas Africanas, certamente a convivência internacional duma arrojada e original aventura com novos povos e culturas. Paixão de sonhar ou utopia que o P. António Vieira projecta num reinado de mil anos, o quinto império?
Pe Bártolo Pereira