Última hora

André Ventura diz na confeitaria Império do Porto que vai impedir reescrita da história do país

24 Janeiro 2022
André Ventura diz na confeitaria Império do Porto que vai impedir reescrita da história do país
Política
0

André Ventura afirmou este domingo que a sua prioridade será impedir que a história do país seja reescrita, num convívio com antigos combatentes na confeitaria Império, no Porto, em que anunciou várias promessas dirigidas aos ex-militares.
“O Chega, se tiver alguma missão histórica, se há algum objetivo que trespasse a nossa história recente e que devia envolver o Chega, se há alguma coisa digna disso, eu acho que o topo destas prioridades seria impedir que estes homens e mulheres que hoje querem reescrever a história não o possam fazer, e devolver a dignidade àqueles que como vocês [antigos combatentes] são os responsáveis, na verdade, pela liberdade que temos hoje e pelo país que temos hoje”, afirmou André Ventura, que discursou com um camuflado, oferecido pela organização.
Apesar de quer o programa quer o documento de 100 medidas do Chega para o Governo não fazerem qualquer referência aos antigos combatentes, o discurso do líder do partido Chega centrou-se em anúncios de promessas para quem o ouvia.
André Ventura prometeu trasladar os mais de três mil combatentes da Guerra Colonial que ficaram sepultados nas antigas colónias, acesso gratuito ao Hospital das Forças Armadas a todos os combatentes e respetiva família, e uma pensão mensal de “200 euros, no mínimo”, para todos os antigos combatentes, estas últimas duas propostas para serem concretizadas logo no arranque da próxima legislatura.
Na confeitaria, cerca de 30 antigos combatentes fizeram questão de marcar presença, alguns com as suas boinas militares, mas tiveram que esperar mais de 30 minutos depois da hora marcada pela chegada de André Ventura.
No início do seu discurso, naquela que foi a primeira ação de campanha do Chega que começou antes das 16:00, André Ventura frisou que o almoço era “o dia mais importante desta campanha eleitoral”, salientando que quis “tirar um dia inteiro de campanha eleitoral para isso” (o Chega teve outra ação no domingo, uma arruada, na Póvoa de Varzim, onde o líder do partido voltou novamente a discursar).
Posteriormente, além das promessas para os antigos combatentes, André Ventura voltou a centrar-se em torno da história do país.
Apesar de querer impedir “alguma historiografia” de reescrever a história, defendeu que a história deve ser reescrita para devolver a dignidade que os antigos combatentes merecem.
“Nenhum manual de história não passará a ignorar o papel que tiveram na história do Portugal contemporâneo”, disse, dirigindo-se aos antigos combatentes.
Nas mesas postas para o almoço, havia um bilhete, debaixo do guardanapo, assinado por André Ventura e dirigido aos antigos combatentes.
“Obrigado por tudo aquilo que fez e sacrificou para servir e defender Portugal”, lia-se na nota.
Ainda antes do começo do almoço, André Ventura recebeu um camuflado, com o seu nome inscrito, que vestiu de imediato e que acabou a usar no resto do almoço.
“Acabámos de formar mais um combatente”, disse Germano Miranda, um dos homens que organizou a surpresa, apesar de André Ventura não ter feito o serviço militar, como disse em entrevista recente à revista Sábado, explicando que, na altura, foi dispensado “por causa da universidade”.
Depois de algumas músicas tocadas por combatentes e sobre a sua condição, houve ainda tempo para perguntas dirigidas ao presidente do Chega.
“Não nos defraude como todos os outros”, disse um combatente, que admitiu que sempre votou PS e “virou” para o Chega.
Outro antigo combatente também deixou um aviso: “eu vou estar atento, que eu acompanho os discursos na Assembleia da República, diariamente”.
“Somos humilhados há mais de 40 anos, mas agora, conseguimos um político de topo, que vai ser a terceira força política e que está do nosso lado. A nossa guerra não está ganha, mas os passos estão dados”, vincou Germano Miranda.