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Ministra da Coesão Territorial acusa Montenegro de ignorar autarcas do PSD sobre regionalização

12 Setembro 2022
Ministra da Coesão Territorial acusa Montenegro de ignorar autarcas do PSD sobre regionalização
Política
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A Ministra da Coesão Territorial acusou o presidente do PSD, Luís Montenegro, de ter ignorado a posição maioritária dos autarcas sociais-democratas sobre regionalização, enquanto a presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) pediu aos socialistas prudência antes de se lançar o referendo.
Estas posições foram defendidas por Ana Abrunhosa e por Luísa Salgueiro, presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) e da Câmara de Matosinhos, durante um debate na iniciativa Academia Socialista, que decorreu na Batalha.
Durante o debate, vários jovens questionaram a Ministra e a autarca do PS sobre o processo de regionalização, um ponto em que Ana Abrunhosa disparou uma série de críticas a Luís Montenegro.
“Não se percebe muito bem aquilo que eles defendem no PSD, até porque a mesma pessoa numa altura diz uma coisa e depois diz outra. De uma coisa tenho a certeza, o líder do PSD não consultou muitos dos seus autarcas quando tomou a sua posição” contra o referendo à regionalização, declarou a Ministra da Coesão Territorial.
Luísa Salgueiro interrompeu para salientar que no último congresso da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) “os autarcas do PSD tinham dito precisamente o contrário”.
Para a Ministra da Coesão Territorial, em termos de cenário político, “há um líder do PSD a assumir uma posição que não é coincidente com aquilo que os autarcas do seu partido querem”.
“Atenção, eu sou uma Ministra do terreno, trabalho com todos os autarcas e conheço-os todos. E há uma coisa de que não tenho dúvidas: os autarcas querem a regionalização, sejam do PS ou do PSD”, sustentou.
Ana Abrunhosa considerou que o resultado eleitoral das últimas legislativas, com a maioria absoluta do PS, constituiu um “sinal verde” de que os portugueses querem que se avance para a regionalização, mas também lembrou que o referendo sobre esta matéria está previsto na Constituição da República.
“Ora, para mudar a Constituição, exige-se um acordo entre as maiores forças partidárias”, assinalou.
Além do PSD, a Ministra da Coesão Territorial deixou também várias mensagens sobre setores do Estado que não estarão minimamente interessados na regionalização, “porque vão perder poder”.
“Não tenhamos dúvidas, a descentralização e a regionalização implicam perda de poder das agências públicas que estão em Lisboa e algumas no território, deixa muitos incomodados e muitos insatisfeitos”, advertiu.
Nesse sentido, de acordo com Ana Abrunhosa, “com a regionalização não se poderá passar o centralismo de Lisboa para o Porto, ou para Coimbra, Évora ou Faro, e tudo tem de ser bem discutido”.
Já a presidente da Câmara de Matosinhos e a Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) deixou uma série de advertências sobre os riscos de a corrente do “não” voltar a vencer num segundo referendo sobre a regionalização, dizendo mesmo que esses riscos “são enormes”.
Luísa Salgueiro aconselhou os defensores da regionalização a não reabrirem o debate sobre o mapa das regiões, ponto em que a ministra da Coesão concordou: “caso se separe o litoral do interior, condena-se a regionalização”, advogou Ana Abrunhosa.
Mas a presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) deixou outros avisos à plateia de jovens socialistas, falando na força do “populismo existente contra a regionalização”.
“Temos de perceber o que pensa a população portuguesa sobre a regionalização, porque o pior é haver novo referendo e o não ganhar, o que constituiria um enorme retrocesso. Muitos portugueses, até alguns próximos de nós, pensam que não é necessário num país pequeno, que aumenta a despesa pública e que cria mais cargos políticos”, apontou.
Para Luísa Salgueiro, impõe-se que os defensores da regionalização desmontem esse argumentário e alterem essa visão.
“No último referendo, o mapa não teve o apoio dos portugueses. Por isso, não devemos reabrir essa discussão e devemos ficar pelas cinco regiões prontas para avançar. Tem de haver um extraordinário trabalho de informação para inverter a tendência populista que existe em torno da regionalização”, acrescentou Luísa Salgueiro.