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Indaqua sugere controlo de fugas e consumos ilícitos para combater desperdício de água no país

15 Fevereiro 2022
Indaqua sugere controlo de fugas e consumos ilícitos para combater desperdício de água no país
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O desperdício de água em Portugal, de muitos mil milhões de litros por ano, exige manutenção das redes e controlo dos consumos ilícitos, soluções menos caras do que a construção de barragens ou dessalinização, defende a Indaqua.
O controlo das perdas na rede de distribuição “é absolutamente incontornável no futuro da água e existem já modelos de gestão que permitem fazê-lo sem investimentos avultados”, afirmou em entrevista Pedro Perdigão, presidente executivo (CEO) do grupo Indaqua, empresa que tem concessões em Fafe, Matosinhos, Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis, Santo Tirso, Trofa e Vila do Conde.
Entre os exemplos apontados estão o recurso à “tecnologia, à manutenção próxima das redes e ao controlo de consumos ilícitos, substancialmente menos dispendiosos do que a construção de albufeiras ou a dessalinização, que habitual e erradamente são apontadas como soluções ótimas de futuro”.
Portugal, segundo um relatório da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) de 2020, desperdiça milhões de litros de água nas suas redes de distribuição, o equivalente a nove piscinas olímpicas por hora.
No total, em 2019, perderam-se 188 mil milhões de litros de água nas redes de abastecimento, de acordo com o Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal (RASARP2020), da ERSAR de 2020.
Esta entidade deixa claro que “a necessidade de investir nas infraestruturas e de lutar contra as perdas de água na rede e evitar a água não faturada são desafios que devem ser encarados por todo o ecossistema das entidades que gerem o setor”.
Numa altura em que o país está em seca e os efeitos das alterações climáticas estão na ordem do dia, importa ter em atenção a disponibilidade dos recursos hídricos, afetada pelas “mudanças climáticas que alteram o regime de chuvas e podem provocar o aumento da ocorrência de eventos hidrológicos extremos, como inundações e secas severas, em várias regiões do planeta e Portugal não é exceção”, afirma a ERSAR.
Este cenário é um dos desafios atuais apontados pelo setor que “continua a registar níveis de perdas nas redes (água não faturada) de 30%, na média nacional” e, em “alguns municípios, os valores de desperdício disparam até aos 80%”, segundo afirmou Pedro Perdigão, da Indaqua.
Em 2020, o valor médio de água da torneira em Portugal continental registou um valor de 98,85%, de acordo com o relatório elaborado pela ERSAR.
No entanto, para manter este nível, considerando que a diminuição da quantidade de água disponível “contribui de facto para menos qualidade”, como afirma Afonso do Ó, especialista em água da Associação Natureza Portugal (ANP), uma Organização Não Governamental (ONG), “é preciso fazer um esforço adicional”, conclui Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS).