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Amigos dos Caminhos de Santiago acusam Galiza de promover erro no Caminho Português da Costa

21 Julho 2021
Amigos dos Caminhos de Santiago acusam Galiza de promover erro no Caminho Português da Costa
Cultura
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A Associação dos Amigos dos Caminhos Santiago de Viana do Castelo acusou a Galiza de promover um percurso do Caminho Português da Costa pela vila de A Guarda, que não “tem fundamento histórico” e visa “apenas interesses turísticos”.
Em declarações, o presidente Alberto Barbosa revelou que “a Xacobeo SA, entidade espanhola que gere o Caminho de Santiago pela Costa, está a indicar que o percurso entra na Galiza pela vila de A Guarda, após atravessar o rio Minho através do ‘ferryboat’ em Caminha”.
“Do lado espanhol não pensam o Caminho de Santiago na globalidade, como um caminho europeu, mas só pensam no seu território. Para Espanha, ele termina em Caminha. Isso não é correto. Essa rota não tem fundamento histórico e tem apenas interesses turísticos”, apontou Alberto Barbosa.
Já do lado português, adiantou, “também numa página oficial de promoção do Caminho Português da Costa é apontado percurso pela orla marítima, a partir do Porto, passando pelos atuais concelhos de Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença”.
“Não conheço nenhum outro ponto do caminho em que aconteça esta ambiguidade. Ou é um lado, ou é por outro. O importante é definir o que é o Caminho Português da Costa e o que poderá ser uma variante”, sustentou.
Segundo Alberto Barbosa, “através de A Guarda o peregrino leva mais um dia para chegar a Santiago de Compostela” e está “a retirar da rota definida como Caminho Português da Costa cerca de 70% dos peregrinos”.
“Como Espanha indica aquele percurso, os responsáveis internacionais pela elaboração dos guias turísticos indicam que na Galiza o caminho começa em A Guarda, aumentou um erro”, sustentou.
A sinalização do Caminho Português da Costa foi iniciada há 20 anos pela associação que considera “não ter lógica” a “ambiguidade” existente.
“Não nos importa o facto de existir essa variante, não lhe podem é chamar Caminho Português da Costa. A correção desse erro traria maior rigor ao percurso. Não fica bem à Xacobeo SA estar a fazer a promoção de um caminho que não tem fundamento histórico”.
Alberto Barbosa acrescentou que “não é só a associação que se sente defraudada, mas todos os peregrinos que percorrem o caminho por Valença e, inclusivamente, muitos espanhóis que têm conhecimento que a etapa de A Guarda é uma invenção”.
“O que a associação pretende é que o Xacobeo SA valide como Caminho Português da Costa o percurso por Valença e que chame à etapa de A Guarda uma variante, porque assim é que está correto”, exortou.
A associação começou há 20 anos a sinalização dos 90 quilómetros do percurso secular desde Castelo de Neiva, em Viana do Castelo, até Valença, na fronteira com a Galiza, para que os milhares de peregrinos alcançassem a catedral de Santiago de Compostela.
“Um trabalho de rigor histórico, com apoio de pessoas especializadas que identificaram o percurso histórico e o que melhor serviria o peregrino, afastando-os das estradas nacionais e de outros perigos, indicando pontos de água e locais de alojamento, entre outros”.
Atualmente existem três caminhos principais: o Caminho Central Português, Caminho Português da Costa e Caminho do Interior.
Em 2019, antes da pandemia de Covid-19, a peregrinação rumo à catedral de Santiago de Compostela, na Galiza, para venerar as relíquias do santo, a pé, a cavalo ou em excursões, atingiu um recorde, com 350 mil peregrinos.
Em 2021, em Santiago de Compostela celebra-se o Ano Santo, também conhecido por Jacobeu, uma vez que 25 de julho, dia de Santiago Maior, coincide com um domingo.