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CGTP-IN acusa Governo de não salvaguardar empregos da refinaria da Galp de Matosinhos

19 Março 2021
CGTP-IN acusa Governo de não salvaguardar empregos da refinaria da Galp de Matosinhos
Economia
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A CGTP-IN afirmou esta quinta feira, em Lisboa, que o encerramento da refinaria da Galp de Matosinhos vai prejudicar o país, acusando o Governo de Portugal de falta de intervenção na salvaguarda dos postos de trabalho.
A secretária-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN), Isabel Camarinha, falava durante uma manifestação de trabalhadores da Petrogal contra o encerramento da refinaria em Leça da Palmeira, junto à residência oficial do Primeiro-Ministro, em São Bento.
A ação de luta juntou cerca de uma centena de pessoas, devidamente distanciadas e com máscaras, segurando tarjas com as inscrições: “A Galpada continua com o roubo de direitos”; “Respeito”; “Petrogal para Portugal, não para o grande capital, para uma vida melhor”.
“Há necessidade desta refinaria, dos produtos que ali são refinados, quer combustíveis, quer outros, para a nossa economia e é necessário salvaguardar os postos de trabalho de 1.500 trabalhadores e os postos de trabalho de um conjunto de empresas que dependem da refinaria”, realçou Isabel Camarinha.
De acordo com a dirigente sindical, o encerramento da refinaria, localizada no concelho de Matosinhos, “vai ter um custo maior” para Portugal, porque “não vai resolver o problema do ambiente”.
“[…] Nós vamos continuar a consumir combustíveis. Vão ser transportados, o que vai poluir também o ambiente e esta refinaria é das que tem mais baixa carga poluidora na Europa, ao contrário das grandes potências, como a Alemanha ou própria Espanha. Têm muito mais refinarias e centrais a carvão e não estão a pensar encerrar já”, salientou.
A líder da Intersindical Nacional lembrou, ainda, que o “Governo não tem feito nada” para reverter a situação, reiterando que o Estado deve preservar os interesses nacionais e os postos de trabalho dos trabalhadores.
“[…] O Primeiro-Ministro que se comprometeu no dia 2 de fevereiro a receber os trabalhadores ainda não recebeu, passado este tempo todo, tal como o Presidente da República”, frisou.
Por seu turno, Telmo Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (SITE) do Norte e da Comissão de Trabalhadores, considerou o processo danoso para o país e para a região do Norte.
“Neste momento, as alternativas que estão a ser dadas aos trabalhadores é o desemprego, são os despedimentos coletivos e isso é inaceitável. Por isso, tem de haver uma intervenção por parte do senhor Primeiro-Ministro e deixar de fugir como tem fugido desta questão estratégica para o país”, acusou Telmo Silva.
Defendendo a manutenção de todos os postos de trabalho e modernização da refinaria, o responsável afirmou que os “trabalhadores têm demonstrado uma coragem imensa”, porque continuam a trabalhar, mesmo “tendo o desemprego já ali ao lado”.
“A situação que se verifica é rescisão por mútuo acordo ou despedimento coletivo. Estes trabalhadores mereciam mais respeito por parte do senhor Primeiro-Ministro e Presidente da República. O país vai ficar mais dependente do exterior, porque há uma panóplia de produtos que […] não conseguem ser assegurados no mercado nacional. Vamos ficar dependentes da importação”, explicou.
Segundo Telmo Silva, as unidades industriais vão encerrar o seu processamento no mês de abril, ressalvando que não existe diálogo com o Conselho de Administração da Galp.
“Em abril está tudo parado e os trabalhadores continuam com as vidas em suspenso, sem uma perspetiva de futuro que lhes garanta os seus rendimentos, os seus direitos. A Galp já chamou os trabalhadores e o que está em cima da mesa é despedimento coletivo”, disse.
A Galp anunciou em dezembro de 2020 a intenção de concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos este ano. A decisão põe em causa 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos.
Este é já o quarto protesto dos trabalhadores da refinaria da Galp de Leça da Palmeira, que dizem que “vão fazer tudo o que for possível” na defesa da unidade industrial.