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Vacina portuguesa contra a Covid-19 vai começar a ser ensaiada clinicamente em 2.000 pessoas

3 Fevereiro 2021
Vacina portuguesa contra a Covid-19 vai começar a ser ensaiada clinicamente em 2.000 pessoas
Tecnologia
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A Immunethep, uma empresa de biotecnologia com sede no Parque Tecnológico de Cantanhede (Biocant Park), vai iniciar no próximo mês testes em humanos, segundo Bruno Santos, CEO da empresa.
O responsável adiantou que os ensaios clínicos – em que vão participar 2.000 pessoas – devem terminar no final de 2021.
Se tudo correr bem, a vacina portuguesa contra a Covid-19 deverá ser autorizada em 2022 e chegar ao mercado no mesmo ano.
A base para a conceção desta vacina parte de vírus inativados, explicou o CEO da Immunethep, Bruno Santos.
Já Bruno Madureira, responsável científico da empresa que a vacina portuguesa tem três particularidades relativamente às outras já aprovadas. “Focamo-nos no vírus como um todo e não só em algumas moléculas, uma vez que, quanto mais moléculas do vírus forem conhecidas, mais facilmente se combatem as suas mutações”, adiantou o responsável científico da Immunethep.
“Para além disso, a vacina pode ser inalada, visto que os pulmões são onde queremos que haja maior imunidade. A terceira particularidade é a utilização de um adjuvante, o mesmo que foi usado em 2004, aquando da primeira pandemia de SARS-CoV”, acrescentou Bruno Madureira.
Em comunicado, a empresa afirmava, em setembro de 2020, que o seu principal produto é uma vacina antibacteriana de largo espetro e que, com a pandemia de Covid-19, decidiu colocar as capacidades e conhecimento adquirido no desenvolvimento de “novas soluções” que possam ajudar a parar a doença e as suas consequências.
“O conhecimento gerado no processo de desenvolvimento de vacinas permitiu-nos avançar rapidamente para ensaios de desenvolvimento de uma vacina para a Covid-19. Esta vacina foi desenhada para potenciar a resposta imune ao vírus nos pulmões. A vacina tem uma dupla função: induzir a produção de anticorpos específicos para neutralizar o SARS-CoV-2 e aumentar a nossa capacidade natural de combater infeções virais”, lê-se num documento publicado pela empresa.
“Publicações recentes demonstram que pelo menos 50% dos casos fatais associados a infeções por SARS-CoV-2 são devido a infeções oportunistas causadas por bactérias multirresistentes. Considerando que a vacinação destes pacientes para SARS-CoV-2 não geraria uma resposta em tempo útil, a Immunethep está a desenvolver uma terapia utilizando anticorpos monoclonais para tratar este tipo de infeções bacterianas oportunistas”, acrescentam os autores do trabalho.
O objetivo é, através da vacinação, prevenir a doença e evitar a transmissão de humano para humano e, por outro lado, “através do tratamento pelos anticorpos monoclonais”, atenuar os sintomas de pacientes já infetados “reduzindo significativamente” o número de casos fatais dentro dos pacientes com Covid-19.