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Centros de Saúde de Portugal realizaram menos 11,4 milhões de consultas presenciais em 2020

22 Fevereiro 2021
Centros de Saúde de Portugal realizaram menos 11,4 milhões de consultas presenciais em 2020
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Os Centros de Saúde realizaram menos 11,4 milhões de consultas presenciais em 2020 (menos 38%), enquanto os contactos à distância duplicaram de 2019 para 2020, passando de 9,1 milhões para 18,5 milhões, segundo dados agora divulgados.
Os dados divulgados pelo Movimento Saúde em Dia, liderado pela Ordem dos Médicos (OM) e pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), revelam também uma diminuição de 3,6 milhões nos contactos presenciais de enfermagem nos Centros de Saúde (menos 18%) que juntamente com as consultas médicas totalizam menos 11,4 milhões relativamente a 2019.
A análise feita pela consultora MOAI, a partir dos números oficiais do Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde (SNS), indica uma “quebra acentuada” nos cuidados médicos presenciais nos hospitais, com menos 3,4 milhões de contactos em 2020, entre consultas, cirurgias e urgências.
Os episódios de urgência reduziram 31%, as consultas externas 11% e as cirurgias 18%, refere o Movimento Saúde em Dia, apontando o mesmo panorama nos meios complementares de diagnóstico e terapêutica, onde só há dados disponíveis até final de novembro de 2020.
“Ainda assim, globalmente, foram realizados em 2020 menos um quarto dos exames e análises”, o que se traduz em menos 25 milhões de atos realizados. Só na Medicina Física e de Reabilitação foram menos 12,4 milhões devido à pandemia de Covid-19.
Os rastreios também foram afetados, com mais 169 mil mulheres com rastreio ao cancro da mama por realizar, mais 140 mil que não fizeram o do cancro do colo do útero e mais 125 mil portugueses sem rastreio ao cancro do cólon e reto.
Para o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), estes dados “vêm aumentar” a preocupação face à evolução da resposta aos doentes não Covid-19, considerando que são “bastante mais dramáticos” em relação aos valores que já tinham sido apresentados em relatórios parciais anteriores.
Para Alexandre Lourenço, estes indicadores mostram “uma elevada fragilidade no acesso a cuidados de saúde”, reiterando que é “muito importante encontrar soluções rápidas e imediatas para que este problema seja mitigado, sabendo que já existem muitos portugueses que ficaram para trás e que não vão ver o seu estado de saúde ser melhorado”.
Ainda há muitas pessoas com “graves problemas de saúde por diagnosticar e também por iniciar tratamento”, disse o responsável da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH).
“Nós temos de constituir um Plano Marshall para recuperar esta situação na saúde porque senão as coisas não só se vão agravar como muitos doentes nem sequer vão ser tratados, perdem-se”, alertou Miguel Guimarães, Bastonário da Ordem dos Médicos (OM).