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Vitorino Silva ouve embarcado vilacondense e lembra que “o mar também precisa de mimo”

19 Janeiro 2021
Vitorino Silva ouve embarcado vilacondense e lembra que “o mar também precisa de mimo”
Política
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O candidato presidencial Vitorino Silva organizou hoje um fórum digital sobre mar e pescas, lembrando que “o mar também precisa de mimo” e apelando a uma estratégia nacional, numa conversa que chegou a ‘desaguar’ na falta de formação dos políticos.
O debate abriu com Vitorino Silva, mais conhecido por “Tino de Rans”, a partilhar que tem “muito respeito por quem cava o mar” e que “não é por acaso que Cristo era pescador”, lamentando que Portugal esteja “de costas viradas para o mar”.
Em cerca de uma hora e meia, “o candidato do povo” que tem realizado apenas ações de campanha de forma virtual, cumprindo o confinamento decretado pelo Governo na semana passada devido ao agravamento da pandemia da Covid-19 no país, confessou estar ali “para ouvir”.
Paulo Faria, comandante, apontou que o “o porto de Leixões está esgotado, não há volta a dar”, dando como bom exemplo o porto de Sevilha, “um dos mais importantes da Península Ibérica a nível de transação de contentores”.
“Temos que ter uma estratégia e isso não é só ir às rádios falar de economia azul. Fazemos estudos para tudo, mas depois na prática esprememos a laranja e depois não sai sumo”, disse.
Nuno Remelgado, embarcado em Vila do Conde, lamentou a falta de formação de muitos marinheiros portugueses, “a facilidade com que se consegue uma cédula marítima” e os “conteúdos programáticos desatualizados” das escolas.
“É triste. Estou a pensar ir trabalhar para fora para poder ter uma vida melhor”, confessou o vilacondense.
Na resposta, Vitorino Silva apontou que “uma equipa para ganhar, os jogadores têm que estar todos no sítio certo” e fez a ponte do mar para a política: “o problema deste país é que há muita gente que está a exercer um cargo para o qual não está preparado, só está lá por influências políticas e quem perde é o país”.
David Chuva, observador de pescas, também pediu “mais comunicação entre biólogos e pescadores para uma pesca sustentável”, lamentando que muitos dos seus colegas acabem a trabalhar “para empresas estrangeiras de biotecnologia ou vão trabalhar para o ramo da aquacultura”, defendendo que “o Estado deveria aproveitar mais os seus recursos humanos a sair de vários institutos”.
“Os nossos mares precisam de mimo”, apontou Vitorino Silva, lembrando que a primeira vez que viu o mar foi quando a sua professora primária o levou e lamentou que “muitos portugueses nunca tenham visto o mar”.
Quem também partilhou dificuldades foi o empresário algarvio João Barbosa, do ramo do turismo náutico, que adquiriu uma embarcação para passeios na região por 40 mil euros mesmo antes do primeiro confinamento no país e ficou “com a criança nos braços”.
Por ser uma empresa nova, João candidatou-se para os apoios como o ‘lay-off’ simplificado mas não conseguiu ajuda, vendo-se hoje obrigado a regressar ao quartel de bombeiros, onde trabalhava antes de investir no ramo turístico, “para ter comida no prato”.
“Muita força e coragem”, respondeu o candidato apoiado pelo partido RIR (Reagir, Incluir, Reciclar).
O tema dos refugiados que chegam ao país foi também abordado, com Paulo Faria a salientar que “é obrigatório dar a mão” a estas pessoas, mas que falta no país controlo de tráfego marítimo, matéria em que “Tino de Rans” concordou.
“Portugal está a deixar a pesca para trás, também, e não pode deixar não só o mar mas também a fiscalização. É um grande património e nós nem sabemos o património que temos. Às vezes, as pessoas querem ir à lua e não conhecemos o nosso mar”, rematou Vitorino Silva.
As Eleições Presidenciais, que este ano se realizam em pandemia de Covid-19, em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República.
Às Eleições Presidenciais concorrem sete candidatos: Ana Gomes, apoiada pelo PAN e Livre, André Ventura, apoiado pelo Chega, João Ferreira, apoiado pelo PCP e PEV, Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado pelo PSD e CDS-PP, Marisa Matias, apoiada pelo Bloco de Esquerda, Tiago Mayan Gonçalves, apoiado pela Iniciativa Liberal, e Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, apoiado pelo partido RIR.
Desde 1976, foram Presidentes António Ramalho Eanes (1976-1986), Mário Soares (1986-1996), Jorge Sampaio (1996-2006) e Cavaco Silva (2006-2016). O atual Presidente da República, eleito em 2016, é Marcelo Rebelo de Sousa, que se recandidata ao cargo.