Última hora

Candidatos às Eleições Presidenciais de volta à estrada em coro contra vigilância a jornalistas

16 Janeiro 2021
Candidatos às Eleições Presidenciais de volta à estrada em coro contra vigilância a jornalistas
Política
0

Os candidatos presidenciais voltaram esta sexta feira à estrada no dia em que cada um tratou dos seus temas e bandeiras, mas concordaram em condenar a vigilância da polícia a jornalistas no caso e-toupeira.
Horas depois de ser noticiada a vigilância, pela polícia, a jornalistas do diário Correio da Manhã e da revista Sábado que investigaram o processo de uma alegada rede que permitia ao Benfica aceder a processos judiciais que interessavam ao clube, os candidatos concordaram, pronunciaram-se contra e com críticas.
A socialista Ana Gomes, apoiada pelo PAN e Livre, manifestou-se, logo pela manhã, “muito preocupada” com a notícia de vigilância policial de dois jornalistas, ordenada por uma procuradora, sem autorização de qualquer juiz, por ser “completamente contrário ao que seria elementar num Estado de Direito”.
Já a eurodeputada Marisa Matias, apoiada pelo Bloco de Esquerda (BE), afirmou que “é sempre grave quando a liberdade de expressão é atacada”.
E o candidato comunista João Ferreira, que concorre com o apoio do PCP e Verdes, evitou alongar-se em comentários, dado que não conhece o caso, mas disse que a liberdade de imprensa é “um valor fundamental” para a sua candidatura.
Tiago Mayan Gonçalves, apoiado pela partido Iniciativa Liberal, considerou “absolutamente inaceitável” e um “atentado à liberdade de imprensa” esta vigilância, enquanto André Ventura, do Chega, reclamou uma explicação por parte da Procuradora-Geral da República.
Vitorino Silva, conhecido por Tino de Rans, também defendeu os jornalistas e criticou a vigilância: “há uma coisa chamada liberdade. Ninguém pode entrar na nossa liberdade e na liberdade de imprensa”.
Esta quinta feira foi o quarto dia de uma campanha, marcada pela pandemia de Covid-19 e pelos seus efeitos, no dia em que o Governo esteve a preparar mais medidas restritivas e um novo confinamento geral, em moldes idênticos ao de março e abril de 2020.
Mas os candidatos a Presidente da República, nas eleições de 24 de janeiro, também tentaram “fugir” à epidemia e diversificar temas.
Foi isso que fez Marisa Matias numa visita à Região Autónoma da Madeira, onde defendeu a descentralização e disse que o Presidente tem de garantir que “nenhuma parte do país fica para trás”. E atingiu Marcelo Rebelo de Sousa ao dizer que essa missão não tem sido plenamente cumprida, seguindo depois para os Açores.
Mas nem todos os candidatos estão a fazer quilómetros, longe de Lisboa, de norte a sul.
A manhã de campanha de Ana Gomes passou hoje por Santarém, onde esteve ao lado de um autarca do PS, Rui Barreiro, por entre temas tão diversos como a possibilidade de inovar na tauromaquia, a memória de Salgueiro Maia, capitão de Abril, ou até a importância da esquerda não abandonar os temas da segurança.
O comunista João Ferreira esteve por Lisboa, onde tomou café com uma apoiante, a deputada do PS Isabel Moreira, que afirmou que é ele o candidato mais bem colocado para respeitar a Constituição e não fazer “uma única cedência ao populismo”.
Pela primeira vez na campanha, André Ventura comentou a reportagem televisiva da SIC, de Pedro Coelho, sobre o Chega e o fenómeno de crescimento de forças políticas extremistas na Europa, e condenou a atenção mediática negativa de que se considera alvo, defendendo uma investigação ao PS, que acusa de ser um “esgoto a céu aberto” em termos de financiamento, corrupção e clientelismo.
Já Tiago Mayan Gonçalves rumou ao Porto para uma reunião com o presidente da Câmara, Rui Moreira, acusou o Governo de impreparação e de “lavar as mãos” na questão do voto antecipado no domicílio e nos lares, procedimento que diz estar a ser “suportado” pelas autarquias.
Um dia depois de ter participado, por videoconferência, no debate a sete na RTP, por ter contactado com um elemento da Casa Civil infetado, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente e recandidato, voltou a Belém e é aí que ficara em vigilância ativa. Agora, por ter estado com o chefe da segurança de Belém.
Mais do que candidato, Marcelo teve um dia como chefe do Estado ao decretar a modificação do Estado de Emergência em vigor, a partir de quinta feira, e a sua renovação por quinze dias, até 30 de janeiro, para permitir medidas de contenção da Covid-19.