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Cidadão ucraniano detido por crime acusa PSP de Vila do Conde de agressão, perseguição e racismo

13 Dezembro 2020
Cidadão ucraniano detido por crime acusa PSP de Vila do Conde de agressão, perseguição e racismo
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A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) vai acompanhar um inquérito da Polícia de Segurança Pública (PSP) no âmbito de uma queixa-crime por agressão contra agentes da PSP de Vila do Conde.
O Ministério da Administração Interna (MAI) explica, em comunicado, que o Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) vai abrir um processo administrativo que lhe permitirá “acompanhar o evoluir do inquérito da PSP e avocá-lo, caso entenda justificado”.
O inquérito em causa foi aberto na sequência de uma queixa-crime de um cidadão ucraniano, de 48 anos, contra vários agentes da esquadra da PSP de Vila do Conde por agressão, perseguição e racismo.
A queixa incide sobre dois agentes que detiveram Valery Polosenko na madrugada de 6 de dezembro, por condução com uma taxa ilegal de álcool e os restantes que estavam na esquadra e a quem pediu ajuda.
A sua advogada, Alexandra Cruz, disse que Valery Polosenko foi alvo de agressões no interior da esquadra, tendo ficado com dois dentes partidos e com escoriações na boca, no tórax e nos braços. As lesões foram confirmadas por uma perícia realizada ao imigrante no Instituto de Medicina Legal (IML).
A jurista diz que a queixa incide sobre os dois agentes que o detiveram, na madrugada de 6 de dezembro, por condução com uma taxa ilegal de álcool e os restantes que estavam na Esquadra e a quem pediu ajuda: “tiraram-lhe a carteira e o telemóvel e impediram-no de ligar ao seu habitual advogado. E os restantes faziam de conta que não ouviam as súplicas do Valery”, afirma a advogada de Valery Polosenko.
Alexandra Cruz diz que os polícias terão ainda usado expressões xenófobas, dizendo-lhe, por várias vezes: “vai-te embora, vai prá tua terra!”.
O Comando Metropolitano do Porto (CMP) confirmou a detenção e diz que, após ter sido submetido ao teste de álcool, onde acusou uma Taxa de Álcool no Sangue de 2,56 gramas por litro (o que é crime), o ucraniano, que tinha antecedentes por crime semelhante, “tentou sair da esquadra e reagiu de forma agressiva contra os polícias, quando foi impedido de o fazer”. Por isso, os agentes procederam à sua “restrição e algemagem”.
A Polícia acrescenta que “após notificação para comparência em Tribunal, o cidadão saiu livremente da esquadra, tendo prescindido de contacto com familiares e defensor, bem como de observação médica”.
No dia seguinte, Valery Polosenko, que reside e trabalha em Vila do Conde, foi a uma esquadra do Porto apresentar queixa, diz ainda aquele Comando, por uso “excessivo da força”. Foi, por isso, elaborado o respetivo auto, o qual foi enviado à autoridade judicial. O Comando portuense abriu, também, um inquérito interno.
A este propósito, a advogada do queixoso diz que é, no mínimo, “estranho” que os agentes que elaboraram o auto por condução com álcool, nada tenham escrito sobre a suposta “agressividade” do ucraniano, só o vindo a fazer, através de um “aditamento”, anexado aos autos, no dia 8, após a queixa-crime.
Em comunicado, o Ministério da Administração Interna (MAI) informou que “determinou a abertura de um processo administrativo de acompanhamento, por parte da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI), ao inquérito da Polícia de Segurança Pública que averigua a queixa de alegadas agressões a um cidadão de nacionalidade ucraniana numa esquadra”.