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Movimento “A Pão e Água” considerou que os desacatos nos Aliados são “reflexo do desespero”

16 Novembro 2020
Movimento “A Pão e Água” considerou que os desacatos nos Aliados são “reflexo do desespero”
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O movimento “A Pão e Água” considerou que os desacatos durante a manifestação na Avenida dos Aliados, no Porto, esta sexta feira, são o reflexo do “desespero” em que os empresários da restauração, bares e comércio se encontram. O primeiro-ministro deixou um apelo à serenidade.
“Isto [desacatos] é o exemplo claro do estado de desespero em que as pessoas se encontram neste momento”, afirmou Miguel Camões, porta-voz do movimento “A Pão e Água” e presidente da Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto.
O protesto, que começou cerca das 16h00 e desmobilizou pelas 18h30, reuniu mais de mil empresários que contestaram as medidas impostas pelo Governo para travar a pandemia de Covid-19 e resultou em “desacatos” com a polícia.
Além do arremesso de garrafas contra elementos das forças de segurança, os manifestantes colocaram caixões [simbolizando a morte do setor] a arder, obrigando a intervenção policial.
Segundo Miguel Camões, os desacatos refletem “o estado de desespero” daqueles que depois de “tantos meses em espírito de sacrifício”, não tem “pão para pôr na mesa”.
“Convém não perder o foco de que o setor está em grande desespero. Tanto, que se vê em situações destas”, referiu, acrescentando que para a manifestação cada pessoa trouxe os objetos com que “se identificava mais para manifestar”.
Agentes da autoridade no local explicaram que os confrontos começaram quando os manifestantes tentavam apagar o caixão que se encontrava a arder junto à estátua de Almeida Garrett, na Praça General Humberto Delgado.
Em circunstâncias em que nem agentes da PSP ouvidos conseguem clarificar, num momento em que a polícia se aproximou dos manifestantes, estes começaram a arremessar garrafas e pedras contra os agentes e contra uma carrinha policial que se encontrava do lado direito do edifício da Câmara do Porto (no sentido descendente da avenida dos Aliados).
De acordo com a polícia no local, até cerca das 18h50 não tinham sido feitas detenções nem identificações, mas foi necessário um reforço de policiamento na Avenida dos Aliados, tendo sido chamadas mais quatro equipas de intervenção policial, cada uma com cerca de cinco elementos. Os ânimos acabaram por se acalmar, ainda antes da chegada do reforço policial.
“Costa: faz outra proposta”, “Estão a matar quem não tem covid” e “Nove meses para nascer, nove meses para morrer” foram alguns dos cartazes hasteados nas escadarias da Câmara Municipal do Porto e que mostram o descontentamento do setor.
Munidos de frigideiras, colheres de pau, panelas e outros utensílios, os empresários consideram as medidas de apoio anunciadas pelo Governo “insuficientes”.
O primeiro-ministro considerou “legítima” a manifestação, mas condenou o arremesso de garrafas e deixou um apelo à serenidade.
“É evidente que há muitas pessoas a sofrer muito. As pessoas que vão ter de ficar em casa vão sofrer. E há setores como o da hotelaria, a restauração, o comércio, que vão sofrer particularmente”, declarou António Costa.
O chefe do Governo frisou depois que a manifestação foi “legítima, mas o arremesso de garrafas nunca é legítimo”. “É preciso que as pessoas serenem. E façamos este esforço, porque é um esforço para bem de todos”, sustentou o primeiro-ministro de Portugal António Costa.